Podem as pás eólicas em fim de vida transformar-se em plataformas solares flutuantes?

As pás dos aerogeradores, fundamentais para a produção de energia eólica, têm um tempo de vida útil limitado e o seu destino final tem sido um grande desafio em termos ambientais.

No entanto, um projeto inovador do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) propõe uma solução sustentável: reaproveitar estas estruturas gigantes para criar plataformas flutuantes com painéis solares.

Para onde vão atualmente as pás dos aerogeradores?

Atualmente, reciclar as pás dos aerogeradores é um problema complexo devido à composição dos seus materiais, que incluem compósitos de difícil separação e reaproveitamento.

O depósito em aterros e a incineração continuam a ser as soluções mais utilizadas, apesar de serem altamente prejudiciais para o ambiente. Em Portugal, ainda não foram estabelecidas estratégias claras, nem implementadas medidas eficazes para a gestão dos resíduos resultantes do fim de vida destas estruturas.

Andreia Araújo, responsável pelo projeto no INEGI, explica que “não há uma via possível de reciclagem como nas embalagens de plástico (…) uma pá de 40 metros pesa 7 toneladas, (..) uma quantidade astronómica de material que não tem para onde ir”.

Estima-se que entre 2025 e 2031, Portugal terá uma grande parte dos seus ativos eólicos a atingir o seu fim de vida útil. Em média, podem ser desativadas, cerca de 266 turbinas por ano. 

Uma nova vida para as pás eólicas

Através do projeto europeu EuReComp, uma equipa de especialistas do INEGI acredita que há uma solução sustentável para o problema desafiante da reciclagem das pás eólicas, estando a desenvolver novas formas de reutilização dos materiais que integram a sua composição, reduzindo assim, a necessidade de colocação desses materiais em aterros.

Ilhas flutuantes de energia solar

Como parte desta iniciativa, foi criado um demonstrador à escala real a partir de pás em fim de vida retiradas de um parque eólico. Este protótipo tem capacidade para suportar até quatro painéis solares e está atualmente a ser testado numa piscina de ondas da Faculdade de Engenharia do Porto, onde as condições reais de ondulação são simuladas para garantir a sua resistência e eficácia.

O grande objetivo é implementar estas estruturas em zonas de água doce como lagos ou barragens, permitindo não só o aproveitamento das pás inutilizadas, mas contribuindo também para a produção de energia renovável. Além disso, estas plataformas podem ajudar a reduzir a evaporação da água em regiões áridas, como o Alentejo, um benefício ambiental adicional que reforça o impacto positivo do projeto.

Enquanto o INEGI testa a viabilidade técnica desta solução inovadora, outros parceiros do projeto avaliam a logística e a aplicabilidade no setor industrial. 

Fonte: INEGI

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