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Desafios da reciclagem de pás éolicas

A energia eólica assume nos dias de hoje um papel crucial na produção de eletricidade limpa, contribuindo para o combate às alterações climáticas e sustentabilidade do planeta. 

Apesar do carácter sustentável da indústria eólica, o fim de vida dos aerogeradores e as questões sobre a circularidade dos resíduos produzidos, são uma grande preocupação. Estima-se que atualmente, a taxa de reaproveitamento de um aerogerador encontra-se entre os 85 e 90%.

Os componentes metálicos da torre e do gerador (aço, alumínio e cobre) são recicláveis. Mas, o mesmo não acontece com as pás. Apesar da sua robustez e durabilidade, que lhes permitem gerar energia limpa durante um período de vida útil de cerca de 25 anos (pode ser estendido para 30 anos se o investimento em manutenção for adequado), estas estruturas representam um enorme desafio quando chega o momento da sua desativação.

Principais desafios na reciclagem de pás eólicas?

Por um lado a natureza dos materiais, que resultam de uma mistura de diferentes componentes (fibras, resina, cargas e outros elementos) e portanto, a sua separação é um desafio. Por outro, as suas grandes dimensões, a desmontagem, o corte e o transporte das pás dos aerogeradores têm diversas implicações tanto a nível logístico, económico e ambiental.

Para onde vão atualmente as pás dos aerogeradores?

O descarte em aterros e incineração são as soluções mais comuns, mas estas são totalmente insustentáveis e nocivas para o ambiente. Algumas associações como a WindEurope têm reivindicado o fim do depósito das pás em aterro a partir de 2025.

Em Portugal ainda não existem estratégias definidas sobre este tema, nem medidas eficientes para a gestão dos resíduos resultantes do fim de vida destas estruturas.

Mas a verdade, é que este é um tema extremamente importante. Estima-se que entre 2025 e 2031, Portugal terá uma grande parte dos seus ativos eólicos a atingir o seu fim de vida útil. Em média, podem ser desativadas, cerca de 266 turbinas por ano. Uma realidade alargada a muitos países europeus.

Como potenciar a reutilização das pás de aerogeradores?

Existem, atualmente, três opções para os ativos eólicos após o período de vida útil:

Prolongar a vida útil dos aerogeradores;

Substituir os aerogeradores por outros mais eficientes e com tecnologias avançadas;

Desmantelar completamente o parque eólico.

A substituição de aerogeradores e desmantelamento de parque eólico implica a desativação das estruturas. O que fazer então com os equipamentos obsoletos?

A aposta na sua recuperação poderia permitir a reutilização das pás de turbinas eólicas para outras infraestruturas que não os do próprio setor, como pontes, parques infantis, bancos de jardim, abrigos, mobiliário ou edifícios. Componentes com as fibras de vidro das pás recicladas poderiam ter como destino por exemplo, o setor automóvel ou equipamentos desportivos.

Mas, para acelerar os processos de circularidade do setor da energia eólica é necessário avançar com a implementação de regulamentação sobre esta temática.

É também essencial a aposta em novos processos produtivos ou novo design das pás, incorporando novas matérias-primas com taxas de reciclagem mais elevadas e de maior durabilidade e o aumento da escala de certos processos de reciclagem (fibra de carbono, por exemplo).

Que soluções inovadoras existem?

Apesar das dificuldades, a circularidade na indústria eólica tem merecido atenção por parte de investigadores, fabricantes e empresas inovadoras, que procuram soluções sustentáveis para o fim de vida das pás dos aerogeradores, potenciando os benefícios ambientais proporcionados por esta fonte renovável.

A Siemens Gamesa por exemplo, lançou a RecyclableBlade, a primeira pá totalmente reciclável do mundo.

A EDP Renováveis em parceria com a Thermal Recycling of Composites (TRC), iniciaram à alguns anos o desenvolvimento de um programa de reciclagem de pás de turbinas eólicas com tecnologia R3FIBER.

A Vestas também ambiciona produzir turbinas eólicas com desperdício zero até 2040 e a LM Wind Power traçou o mesmo objetivo para 2030. Já a Endesa implementou há uma década mecanismos de reparação, reforma e reutilização de peças danificadas das turbinas eólicas.

Fonte: INEGI

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