O Fórum Económico Mundial (FEM) divulgou o Índice de Transição de Energia 2020 que classificou Portugal com o 19.º lugar no que diz respeito à transição para energias limpas.
O Índice de Transição de Energia 2020 faz uma avaliação comparativa dos sistemas de energia de 115 economias, destacando os principais países na corrida para as emissões zero, bem como aqueles que ainda têm trabalho para fazer.
Houve poucas mudanças nos 10 principais lugares desde o último relatório. Os países com melhor classificação têm em comum várias medidas que os ajudam na transição sustentável da energia. Algumas dessas medidas passam por exemplo por:
- subsídios de energia mais baixos;
- uma dependência reduzida de energia importada;
- um forte compromisso político em transformar o seu setor de energia de forma atingir as metas climáticas estabelecidas.
A lista é liderada pela Suécia pelo terceiro ano consecutivo. Este país é considerado o mais bem preparado na transição para a energia limpa.
O Top 3 inclui ainda a Suíça e Finlândia. Já Portugal desceu três lugares em relação a 2019, apresentando uma pontuação de 64,2% (estava em 16.º lugar em 2019, com 65%).
O relatório divulgado pelo FEM, baseado no Índice de Transição Energética 2020, salientou que a maioria dos países está a fazer progressos no processo de transição para energias menos poluentes, mas também alertou para os retrocessos à escala global que a pandemia por Covid-19 pode trazer.
A transição energética mundial fez progressos lentos e constantes nos últimos 5 anos, mas a crise do COVID-19 pode prejudicar o progresso a longo prazo, tendo desencadeado uma série de efeitos em tempo real, como por exemplo:
- a erosão de quase um terço da procura global de energia;
- a volatilidade sem precedentes dos preços do petróleo e subsequentes implicações geopolíticas;
- o atraso ou estagnação nos investimentos dos projetos;
- incertezas quanto às perspetivas de emprego de milhões de trabalhadores do setor de energia.
O relatório destaca a pressão que as economias estão a sentir face à situação atual, no entanto, salienta que esta crise pode apresentar uma oportunidade para repensar se as nossas necessidades de energia são atendidas e considerar o impacto a longo prazo no planeta.
Desde 2015, 94 de 115 países melhoraram sua pontuação. O Índice de Transição de Energia 2020 (ETI), analisa a prontidão de cada país em adotar energia limpa usando três critérios:
- desenvolvimento e crescimento económico;
- sustentabilidade ambiental e indicadores de segurança energética;
- preparação das economias mundiais para a transição para sistemas de energia seguros, sustentáveis, acessíveis e inclusivos.
Entre vários parâmetros, o Índice ETI avalia:
- limitação dos subsídios energéticos;
- a redução da dependência das importações;
- os compromissos políticos para a transição energética;
- o investimento em energias limpas;
- a inovação;
- a eliminação gradual do carvão.
Principais conclusões do relatório:
– No top 10 desta lista, França (em 8.º lugar) e o Reino Unido (em 7.º), são os únicos países do G20.
– Apenas dois países de língua portuguesa entram no ranking. Brasil em 47.º lugar com uma pontuação global de 57,9% e Moçambique, em 109.º, com uma pontuação de 42%.
– Os Estados Unidos estão fora do top 25 pela primeira vez (32º lugar). A razão apontada pelo relatório é a “incerteza regulatória para a transição energética”.
– Países com alto consumo de energia, incluindo EUA, Canadá e Brasil, mostram pouco ou nenhum progresso em direção a uma transição energética.
– Fora do top 10, com um progresso modesto está a Alemanha que ficou em 20º lugar. O país comprometeu-se a eliminar gradualmente as centrais a carvão e a transferir a produção industrial para combustíveis mais limpos, como o hidrogénio. No entanto, tornar os serviços de energia acessíveis continua a ser um problema.
– A China, classificada no 78º lugar, fez fortes avanços no controle das emissões de CO2, aderindo aos veículos elétricos e investindo fortemente em energia solar e eólica (atualmente possui a maior capacidade fotovoltaica solar e eólica onshore do mundo).
– Ao lado da China, países como Argentina, Índia e Itália têm mostrado fortes e consistentes melhorias a cada ano.
– A maioria dos países, 94 dos 115 analisados, registaram progressos desde 2015. No entanto, segundo o relatório, no conjunto, os avanços feitos são insuficientes para atender às metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
– De acordo com a análise do Carbon Brief, houve uma queda de 3% na geração de energia de carvão global em 2019.
– A redução na procura de energia e a volatilidade dos preços representam riscos para a continuação da transição energética. No relatório o FEM aconselha os países a utilizar a atual crise para repensar a forma como a energia é produzida, fornecida e consumida, introduzindo mudanças que respeitem o meio ambiente.
– A incerteza económica gerada pelo COVID 19 também poderá levar ao aumento do peso das faturas dos serviços energéticos nos orçamentos das famílias, num futuro próximo.
Entre as sugestões do FEM para inverter esta tendência está a criação de pacotes de ajuda à recuperação económica que tenham em conta estratégias de longo prazo e incluam estímulos à transição energética para energias mais limpas, com a adoção de sistemas energéticos inclusivos e sustentáveis.
Apesar de 75% dos países avaliados terem melhorado os seus indicadores de sustentabilidade ambiental nos últimos cinco anos, o Fórum Económico Mundial considerou que os progressos não são suficientes, sublinhando que a sustentabilidade é o indicador que menos progride.
Roberto Bocca, chefe de energia e materiais do Fórum Económico Mundial, afirma que “a pandemia por COVID-19 oferece uma oportunidade para considerar intervenções não-ortodoxas nos mercados de energia e a colaboração global para apoiar uma recuperação que acelera a transição energética quando a crise aguda passar”.
Segundo o relatório, é necessário implementar políticas que desenvolvam uma estrutura robusta para a transição energética nos níveis local, nacional e internacional, capaz de se proteger o impacto de choques externos na economia global.
As alterações climáticas aumentam a probabilidade de acontecimentos climáticos extremos, como inundações, secas e tempestades violentas, por isso, é necessário intensificar práticas energéticas mais sustentáveis. A pandemia do COVID-19 pode servir de exemplo para se perceber que são necessárias mais mudanças e que o caminho tem de passar por uma economia verde e sustentável.
Fontes: Ambiente magazine, weforum, weforum
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