No meio do Oceano Pacífico, longe de qualquer foco de poluição, a estação de Mauna Loa monitoriza desde 1958 a concentração de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera. O dióxido de carbono é um gás presente na nossa atmosfera que é essencial para a vida no planeta pois permite que as plantas façam a fotossíntese e obtenham energia para viver. No entanto, este gás está a atingir quantidades muito superiores às que alguma vez existiram no planeta desde que o Homem existe.
No passado mês de abril de 2014, o valor atmosférico de CO2 ultrapassou as 400 partes por milhão em volume (ppmv), uma medida que se utiliza quando as concentrações são muito diluídas, isto significa que em 1 m³ de ar existem 400 mL de CO2. Para encontrarmos valores de CO2 superiores na história geológica da Terra temos que recuar mais que 800.000 anos no tempo. Desde que o Homem existe, nunca a nossa espécie viveu com uma concentração de CO2 tão elevada.
Os cientistas defendem que existe uma relação forte entre a quantidade de dióxido de carbono e o clima na Terra e que este aumento drástico poderá alterar as condições climáticas em que vivemos neste momento.
Quando a nossa espécie começou a desenvolver a agricultura, os níveis de CO2 não ultrapassavam os 280 ppmv. Tendo em conta que a concentração deste gás é muito importante para as plantas, como será a agricultura num mundo acima dos 400 ppmv de CO2?
Com níveis de CO2 a metade dos atuais (200 ppmv) a vida na Terra não seria doce. As calotes polares estender-se-iam até Londres e Berlim e o nível do mar baixaria cerca de 100 metros. Como serão as nossas cidades num mundo de 500 ppmv de CO2? Com base na relação histórica entre clima e CO2 podemos hoje inferir, até especular, sobre o que o futuro nos reserva.
Uma coisa é porém certa. Até abril deste ano habitámos num planeta cuja concentração de CO2 era crescente mas dentro de um intervalo “experimentado” pelos nossos antepassados mais remotos. O ser humano está, pelas suas próprias ações e consciência, a alterar a época geológica em que vive.
No momento em que passamos de espetadores para mestres e senhores do nosso clima impõem-se a seguinte pergunta: será que estamos preparados para responder às consequências dos nossos próprios atos?
Apesar dos dados serem alarmantes já existem muitas pessoas e empresas empenhadas em alterar estes resultados, como é o caso de Vivek Nair, que criou um processo que converte emissões perigosas de dióxido de carbono em nanotubos de carbono, um material que é mais forte que o aço, mas muito mais leve, e mais caro que o ouro.
Fonte: Dados