A indústria do azeite dispõe atualmente de soluções tecnológicas para reaproveitamento de praticamente todos os resíduos que produz, desde a produção de biomassa até alimentação animal.
Da produção de azeite resultam o bagaço de azeitona, os caroços, as folhas e as águas ruças ou bagaço húmido, que são um “problema ambiental muito complexo“, pois têm uma carga poluente 200 a 400 vezes superior ao do esgoto doméstico. Em média, a campanha de azeitona no país produz águas ruças equivalentes ao esgoto de 2,5 milhões de pessoas. Existem vários processos de tratamento, desde os menos onerosos, como lagoas de retenção e evaporação, a outros mais caros como os de tratamento biológico, térmico e físico-químico.
Neste momento, a maior parte dos resíduos dos lagares de azeite estão a ser encaminhados para a indústria da refinaria, que retira o azeite remanescente dos bagaços húmidos para a produção de óleo de bagaço e o restante é usado para queima.
Com vista a dar uma solução mais global a estes resíduos, João Claro, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), desenvolveu o projeto BioCombus que aproveita os subprodutos das colheitas de azeitona e os transforma em biomassa, que poderá ser utilizada como combustível sólido para caldeiras domésticas.
O processo do projeto BioCombus mistura os resíduos dos lagares de azeite com os resíduos da Indústria da Cortiça obtendo-se, como produto final, um biocombustível sólido com grande potencial de valorização, elevado poder calorífico e que não constitui um problema ambiental.
“É uma solução global porque estamos a fazer um tratamento para cumprir a lei e além disso estamos a criar uma mais-valia comercial“, salientou o investigador.
Uma equipa de investigadores da UTAD tem vindo a desenvolver trabalhos que visam a valorização da folha da oliveira na alimentação animal. Segundo o investigador responsável pelo projeto, Miguel Rodrigues, os resultados obtidos até ao momento indiciam “um forte potencial de aplicação em dietas para coelhos e ruminantes“.
Nos últimos anos, a GNR tem fiscalizado os lagares de azeite e, segundo fonte policial, tem registado cada vez menos incumprimentos das normas de funcionamento, desde os licenciamentos ao tratamento de resíduos. A operação “Lagareiro 2015“, realizada pelo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), está em curso e decorre até 31 de janeiro de 2016.
Fontes: UTAD, Público, Algébrica, GNR, TecnoAlimentar
No caso de grandes superfícies comerciais (centros comerciais, hipermercados) a gestão de resíduos é muito complexa.
Veja o projeto de gestão de resíduos que a NOCTULA – Consultores em Ambiente desenvolveu no Palácio do Gelo Shopping em Viseu: http://noctula.pt/?p=773.