A Organização das Nações Unidas declarou guerra ao lixo provocado pelos plásticos nos oceanos. Os microplásticos nos cosméticos e os plásticos descartáveis são alvos a abater nesta nova campanha mundial.
A nova campanha CleanSeas foi anunciada pela UNEP-UN Environment, agência que coordena todas as ações da ONU de âmbito ambiental, depois da conferência mundial, Economist World Ocean Summit, sobre os oceanos, realizada em Bali, na Indonésia.
Estima-se que 80% de todo o lixo nos oceanos é composto por plásticos, pelo que a ONU afirma que não há tempo a perder e vai lançar vários apelos. A agência afirma que os governos têm de aplicar políticas para a redução de plásticos, as indústrias têm de redesenhar produtos e minimizar o uso de embalagens e os consumidores precisam de alterar o hábito de deitar fora.
Até 2022, a agência pretende que sejam eliminados os microplásticos usados em cosméticos e acabar com “o uso excessivo e produtor de resíduos dos plásticos que são usados apenas uma vez”. A campanha pretende também apelar à prevenção, de forma a impedir que a poluição plástica chegue aos mares antes que seja tarde demais.
Definir metas para cada um dos países e indústrias, ao longo deste ano, vai ser uma das estratégias, com especial atenção à eliminação dos microplásticos da indústria de cosméticos e à proibição ou taxação dos sacos de plástico de compras (aqueles que se utilizam apenas uma vez e se deitam fora). A “redução drástica” dos plásticos descartáveis é outra meta da campanha.
Empresas como a DELL já se pronunciaram sobre este campanha. A empresa de informática anunciou que usará embalagem com 25 por cento de plástico oceânico reciclado. O projeto piloto vai manter 16.000 quilos de plásticos fora do oceano, afirma a empresa. A “nossa nova cadeia de produtos está a aproximar-nos da visão da campanha “Clean Seas“, provando que o plástico oceânico reciclado pode ser reutilizado comercialmente”.
Até agora, 10 países já se juntaram à UNEP na campanha para a limpeza dos oceanos, incluindo a Indonésia, o Uruguai e a Costa Rica. A Indonésia pretende reduzir o lixo marinho em 70% até 2025. O Uruguai irá taxar sacos de plástico ainda em 2017. A Costa Rica implementará melhores estratégias de gestão e educação de resíduos para reduzir o plástico de uso único.
Estimativas dizem que 8 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos todos os anos, o equivalente a despejar um camião de lixo de plástico a cada minuto, provocando estragos na vida aquática e ecossistemas, prejudicando também as pescas e o turismo, com custos de pelo menos oito mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros), alerta a agência.
Por outro lado, ao manter-se a atual taxa de consumo de garrafas, sacos e copos de plástico, que vão parar ao lixo depois de serem usados apenas uma vez, em 2050 os oceanos vão ter mais plásticos do que peixe e cerca de 99% das aves marinhas terão ingerido estes lixos.
Há também uma presença crescente de partículas de plástico minúsculo. De acordo com a ONU, “existem cerca de 51 triliões de partículas microplásticas nos oceanos, 500 vezes mais do que estrelas na nossa galáxia, ameaçando seriamente a vida selvagem marinha”.
10 estratégias importantes para combater o lixo nos oceanos:
- Apele ao reforço de legislação que ajude a combater o lixo marinho
- Acabe com o tabaco nas praias
- Defenda o investimento em pesquisa de desenvolvimento de materiais não tóxicos
- Deixe de deitar lixo em locais inapropriados
- Apele ao investimento em infraestruturas de gestão de resíduos
- Deixe de usar sacos de plástico
- Recorra aos sacos reutilizáveis
- Divulgue o verdadeiro custo dos plásticos descartáveis em produtos
- Ajude a limpar as praias e as costas marítimas
- Recicle
Jack Johnson, músico e Embaixador de Boa Vontade do Ambiente da ONU, também apoia esta campanha e está a promover um novo documentário: ”The Smog of the Sea”, que destaca o problema dos microplásticos. Vê aqui trailer do documentário: