Vários chefes de estado, diplomatas, líderes empresariais e ativistas reuniram-se em Glasgow (Reino Unido), de 31 de outubro a 12 de novembro, para a realização da COP26 (26a Conferência das Partes sobre as Alterações Climáticas da ONU).
Com um ano de atraso devido à pandemia, esta cimeira do clima era vista como a mais importante desde a 21ª Cimeira do Clima – COP21 que deu origem ao Acordo de Paris em 2015.
O Reino Unido e a Itália foram os anfitriões da COP26. Como anfitrião principal, o governo britânico teve o papel mais importante, ficando responsável pela coordenação do evento. Já a Itália deverá realizar algumas reuniões pré-COP em Milão.
O que é a “COP”?
“COP” é a abreviatura para “Conference of the Parties”, em português, Conferência das Partes, que se refere a uma reunião entre os 197 membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, conhecida como “UN Climate Change”.
A Cimeira do clima é organizada anualmente por um país diferente e reúne os principais representantes e líderes mundiais, no sentido de se debaterem as principais impactos das alterações climáticas e avançar com esforços e soluções globais de prevenção e minimização.
COP26: o que esteve em cima da mesa?
Num contexto de recuperação da recessão global devido à pandemia e do contínuo avanço das alterações climáticas, cada vez mais visíveis, as expectativas em torno da COP26 eram bastante altas.
– Como ponto inicial, a COP26 discutiu os próximos passos para a completar implementação do Acordo de Paris. Os resultados obtidos até o momento foram avaliados de forma a incentivar os países a tornarem as suas metas de redução de emissões mais ambiciosas.
– A conferência não produziu um novo acordo, ainda assim, esta cimeira é considera um marco histórico, porque marca o reinício e a reorientação dos esforços globais para combater a crise climática, num ambiente radicalmente modificado pela pandemia provocada pelo COVID-19.
– Um temas discutidos na Cimeira de Glasgow consistiu em melhorar as metodologias de aferição de redução de emissões. Atualmente cada país estabelece a sua própria metodologia, mas dessa forma é difícil comparar efetivamente os avanços de cada país.
– Outro ponto importante discutido foi a regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que aborda a questão da cooperação e da regulação do mercado de carbono global.
Acordo de Paris
197 países assinaram o acordo que define hoje todas as negociações internacionais referentes ao clima.
Mesmo diante das dificuldades de se encontrar um consenso entre a maioria dos países, vários líderes concordaram que as mudanças climáticas são causadas pelo comportamento humano e são uma ameaça ao meio ambiente assim como à própria existência humana.
O Acordo de Paris estabeleceu que a meta principal seria manter as emissões abaixo de 2 graus Celsius (com esforços para se manter abaixo de 1.5 graus) acima de níveis de temperatura pré-industriais.
Esta foi a meta estabelecida pelos cientistas como sendo o limite de temperatura a partir do qual os danos causados ao meio ambiente serão irreversíveis.
O que era necessário alcançar na COP26?
– Os países devem apresentar metas ambiciosas de redução de emissões para 2030. Para cumprir essas metas de expansão, os países precisam:
- acelerar a eliminação do carvão;
- reduzir o desmatamento;
- acelere a mudança para veículos elétricos;
- incentivar o investimento em energias renováveis.
– O clima está a mudar com efeitos devastadores e continuará mudar mesmo com a redução das emissões. É necessário incentivar os países afetados pelas mudanças climáticas a:
- proteger e restaurar ecossistemas;
- construir defesas, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente e agricultura para evitar a perda de casas, meios de subsistência e até mesmo vidas.
– Para se cumprirem as metas estabelecidas, os países desenvolvidos devem cumprir as suas promessa de mobilizar financiamento que ajudem na minimização dos impactos provados pelas alterações climáticas.
– É necessário tornar o Acordo de Paris operacional e acelerar as ações para enfrentar a crise climática por meio da colaboração entre governos, empresas e a sociedade civil.
A reentrada dos EUA no debate sobre o clima
A COP26 é considerada um marco importante não só pela definição das metas de redução de emissões, mas também pela reorganização da política ambiental internacional.
Os EUA foram o único país, entre as 197 nações, a desistir do Acordo de Paris durante o mandato de Donald Trump. Esta foi a segunda desistência dos Estados Unidos em negociações multilaterais sobre clima, depois do país não ter ratificado em 2003 o Protocolo de Kyoto (primeira tentativa global de redução de emissões), situação que resultou num atraso nas negociações globais.
Mas agora os EUA, 2º país que mais polui em todo o mundo, estão de volta ao debate sobre as alterações climáticas.
O presidente Joe Biden espera que os Estados Unidos possam alcançar uma posição de liderança nas negociações climáticas. As áreas de foco estão direcionadas para os veículos elétricos, energias renováveis e ajuda financeira para países em desenvolvimento.
No Acordo de Paris, os EUA estabeleceram a meta de reduzir emissões entre 26% e 28% em relação aos níveis de gases de efeito estufa registrados em 2005, mas com o governo de Joe Biden, os EUA anunciaram uma nova meta para reduzir as emissões (entre 50% e 52% abaixo de 2005 até ao final da década).
Espera-se que com os novos objetivos o país consiga incentivar outros grandes emissores como China e Índia a anunciarem metas mais ambiciosas.
Fontes: ukcop26