Um grupo de investigadores portugueses desenvolveu um sistema autónomo que monitoriza de forma integrada os oceanos, permitindo uma gestão mais sustentável dos recursos marinhos e uma redução dos impactos e riscos ambientais.
“MarinEye” é o nome do protótipo inovador, um sistema multitrófico para monitorização oceânica, que vai fornecer ferramentas que permitem a recolha de amostras biológicas marinhas, a identificação das alterações na biodiversidade, de impactos no clima e de anomalias no ambiente.
Protótipo – MarinEye Fonte: MarinEye
A vida no planeta está dependente de processos oceânicos, uma vez que são eles que produzem grande parte do oxigénio disponível na Terra, regulam o clima e fornecem vários recursos vivos e não vivos, como alimentos, energia, transporte ou medicamentos. No entanto até à data não era viável observar e interpretar em simultâneo os diferentes componentes oceânicos, desde microrganismos a mamíferos marinhos, informa Catarina Magalhães investigadora do CIIMAR e coordenadora do projeto.
Catarina Magalhães e Eduardo Silva, coordenador do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC referem ainda que “o conceito de monitorização integrado e sincronizado no tempo e espaço de parâmetros físicos, químicos e biológicos implementado no MarinEye, é essencial para o conhecimento da complexidade dos ecossistemas marinhos e será certamente, num futuro próximo implementado em diferentes observatórios oceânicos.”
O projecto MarinEye foi financiado pelo programa EEA Grants em cerca de 400 mil euros e é liderado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) em colaboração com vários grupos de investigação portugueses, nomeadamente o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente – Politécnico de Leiria (MARE – IP Leiria).
O MarinEye compreende 4 módulos que se complementam:
- O primeiro módulo conjuga um sistema de sensores físico-químicos (para medir parâmetros como a temperatura, salinidade, ou PH) e uma plataforma de sensores óticos (para medição de dióxido de carbono dissolvido).
- O segundo módulo consiste num sistema para filtrar água, retendo e preservando o ADN da diferente biomassa que habita os oceanos.
- O terceiro compreende um sistema para recolher imagens de alta resolução de fito e zooplâncton.
- O quarto consiste num sistema para recolha de dados hidroacústicos, que recolhe informação relativa à presença de mamíferos marinhos e estimativas de abundância de peixes.
O protótipo tem pouco mais de um metro e meio de comprimento e poderá atingir até os cem metros de profundidade. A sonda foi desenhada a pensar em missões de um ou dois meses e é flexível ao nível da sua utilização, pelo que pode ser agregada a um navio ou robô submarino, instalada no fundo do mar, ou estar amarrada numa boia.
Fontes: Greensavers, Marineye.Ciimar
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