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Cimeira do G20: Porque é o Acordo de Paris tão importante no combate às alterações climáticas?

A 21ª Cimeira do Clima – COP21 realizada em 2015 em Paris, teve como principal objetivo estabelecer um novo acordo internacional sobre o clima, para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, o aquecimento global e em consequência limitar o aumento da temperatura global em 2º C até 2100.

Representantes de 195 países disseram “sim” a um a um novo tratado internacional, que envolverá todas as nações num esforço coletivo para tentar conter a subida da temperatura do planeta a 1,5ºC, contemplado no chamado “Acordo de Paris”.

2017 – O Ano em que EUA renunciaram o Acordo de Paris! 

Em junho, Donald Trump, anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris, provocando instabilidade e algumas dúvidas sobre a honra dos compromissos acordados.

Responsáveis por 15% das emissões globais, os EUA são o segundo maior contribuinte mundial para o fenómeno do aquecimento global (depois da China). Os Estados Unidos tornaram-se o primeiro subscritor do acordo de Paris a renunciar ao compromisso, juntando-se assim à Síria e à Nicarágua, as únicas nações à margem do pacto.

No entanto, os governadores de pelo menos três estados: Califórnia, Washington e Nova Iorque, já anunciaram que vão continuar a respeitar as metas de redução de emissões definidas pela anterior Administração aquando da assinatura do acordo de Paris e que poderão participar em nome próprio nas futuras negociações internacionais.

Em 2015, Barack Obama, anterior presidente dos EUA, tinha comprometido o país, com uma redução de 26% a 28% do seu nível de emissões de gases com efeito de estufa, num prazo de dez anos. Washington também disponibilizou um pacote financeiro de três mil milhões de dólares para apoiar os países pobres a reagir aos efeitos do aquecimento global (secas, subida do nível do mar) e a desenvolver energias limpas.

Quais as implicações da saída dos EUA no Mundo?
O acordo fica mais fraco

Sendo os EUA um dos principais responsáveis pela emissões globais, a ausência dos EUA irá dificultar o cumprimento das metas estabelecidas pelas nações globais no Acordo de Paris.

A China assume a liderança

China e Estados Unidos (governo de Barack Obama) foram cruciais na consolidação do acordo climático, ao terem chegado a consenso quanto à criação de uma “ambiciosa coligação” com pequenos países insulares e a União Europeia.

Para além de aumentar o protagonismo chinês, a decisão americana permite que o Canadá e o México se assumam como países importantes no esforço de impedir o aumento das temperaturas globais.

Mesmo com a saída dos EUA, o carvão dificilmente volta a ter protagonismo

Uma das forças eleitorais de Trump foi a região americana produtora de carvão, no entanto, a quantidade de empregos gerados nos EUA pela indústria carvoeira equivale atualmente a metade dos gerados pela indústria de energia solar.

Mesmo como a decisão de saída dos EUA, diversos países estão cada vez mais a abandonar o carvão. Muitos países em desenvolvimento ainda dependem deste combustível, no entanto, esta fonte de energia é alvo de críticas por seu forte impacto na qualidade do ar. A queda dos preços da energia renovável tem levado várias nações a adotar fontes mais verdes de combustível.

Emissão de GEE: Como 6 países se comparam aos EUA  – França levaria 15 anos a emitir o que os EUA emitem (dados de 2015)  | Fonte: Público

Conclusões da Cimeira do G20

Os países do G20 reuniram-se no passado dia 8 de julho, tendo chegado a um compromisso sobre o clima para evitar uma rutura, após o anúncio da saída dos EUA do acordo de Paris.

Os líderes das restantes 19 potências mundiais “reafirmaram” o seu compromisso “irreversível” no combate às alterações climáticas com base no Acordo do Clima de Paris, já ratificado por quase todos os países do mundo.

Como situação inédita, surge o desenvolvimento de uma política individual por parte de um dos estados membros do G20. Os Estados Unidos vão “esforçar-se para trabalhar estreitamente com outros parceiros para facilitar o seu acesso e a utilização mais apropriada e eficaz das energias fósseis e os ajudar a desenvolver energias renováveis e outras fontes de energia limpa”.

Qual é realmente a importância do Acordo de Paris?

Em 2016, registou-se no mundo um nível recorde de emissões de dióxido de carbono, algo que especialistas chamaram de “uma nova era” de aquecimento global e “prova irrefutável” da responsabilidade humana sobre as mudanças climáticas.

O Acordo de Paris tem como objetivo manter o aumento das temperaturas médias globais “muito abaixo” dos 2°C em relação à era pré-industrial, prevendo também que os países mais ricos ajudem os mais pobres financeiramente a se adaptar às mudanças climáticas e na adoção de energias renováveis.

“O relógio não pára”, alertou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Segundo os cientistas, as temperaturas não deveriam subir mais de 1,5ºC até ao final do século, se se quiser evitar que os pequenos Estados-ilha desapareçam do mapa, ou no máximo a 2ºC para evitar outros cenários catastróficos. Em causa não está só o aumento global da temperatura, mas também o ritmo acelerado com que esta está a subir, sem que os seres-humanos e os ecossistemas tenham tempo para se adaptar.

A NASA elaborou uma pequena ilustração que mostra o impacto global real do aquecimento global nas últimas 6 décadas. O que começa como um planeta azul rapidamente se transforma num vermelho com 9 dos 10 anos mais quentes todos a ocorrer já no novo milénio. É uma maneira rápida e fácil de visualizar as diferenças que têm ocorrido como o clima e para entender o impacto devastador que o excesso de emissões de carbono está a provocar no planeta.

Em que sarilhos nos metemos se as temperaturas globais continuarem a subir sem controlo?

Os cientistas fizeram várias projeções com base em diferentes cenários de subida das temperaturas médias globais até ao fim do século e estimam que os invernos serão muito mais chuvosos em vários pontos do mundo, inclusivamente em Portugal, o que poderá intensificar fenómenos como inundações ou deslizamentos de terra.

Por outro lado, as ondas de calor, ou seja, dias com temperaturas acima de 35ºC, poderão durar mais dias e algumas regiões do mundo sofrerão com eventos de seca extrema, desertificação e escassez de água, o que afeta a produção agrícola, o abastecimento humano e um conjunto vasto de ecossistemas.

Se a temperatura média global subisse 5ºC, em alguns pontos do globo, pode subir até 7ºC, eventos como furacões e tufões também tenderão a ser mais repetitivos e intensos, já que as temperaturas da superfície dos oceanos subirá fazendo aumentar a energia que os forma.

O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), indica que um cenário de aumento de 2,3ºC na temperatura, provoca o degelo de 15%-55% dos glaciares e uma subida média do nível do mar entre 30 e 50 centímetros.

Se os termómetros subirem globalmente 5,4ºC, o cenário torna-se mais complicado, com o gelo do Ártico a poder desaparecer 100% no fim do verão, os glaciares a derreterem até 85% e os oceanos a subirem em média até um metro. Cidades como Nova Iorque submergem e em Lisboa só as colinas ficarão à tona.

As projeções são realistas?

A ciência climática não tem certezas absolutas e as previsões para o futuro não são 100% certas. Mas apesar das incertezas, os cientistas reuniram, ao longo de décadas, muito conhecimento sólido sobre os cenários projetados até ao final do século.

Ao longo de milhares de anos, as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera flutuaram sobretudo devido a causas naturais, conduzindo a períodos de degelo e de subida dos oceanos. Porém, 95% dos cientistas mundiais afirma que o aumento de concentração de gases com efeito de estufa, desde a Revolução Industrial, tem causa humana e tem-se registado a um ritmo cada vez mais rápido.

Quem beneficia com as Alterações Climáticas?

Países do norte da Europa ou o Canadá e a Rússia podem encontrar benefícios no aquecimento global, dado que este lhes trará benefícios em termos de produção agrícola, exploração de minérios ou de rotas até agora inóspitas. No entanto, nem eles estão completamente a salvo do lado negativo das alterações climáticas.

O que faz Portugal para combater as alterações climáticas?

Entre outras das metas está o aumento do contributo das energias renováveis para que estas representem 80% da energia final consumida dentro de 15 anos. Para o mesmo prazo está também prevista a redução do consumo energético até 30%.

Foi também aprovado o Quadro Estratégico para a Política Climática, integrado no Pacote Europeu Clima e Energia 2030 e no Plano Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC 2020-2030). Este plano estabelece que as emissões de gases de efeito de estufa devem ser reduzidas entre 18% e 23% nos próximos cinco anos, face aos valores de 2005; e chegar a menos 30%-40% até 2030.

O que estão a fazer os outros países?
  • Até 2030, União Europeia propõe reduzir as suas emissões em 40%.
  • A China tenciona reduzir a sua intensidade carbónica em 60%-65% até 2030.
  • A Rússia aponta para uma redução das emissões de 25%-30%.

 

Qual o contributo que cada um de nós pode dar?

Reduzir as emissões de gases com efeito de estufa está também nas mãos de cada um de nós, em coisas tão simples do dia a dia como:

  • Desligar a luz das divisões da casa que não estamos a utilizar;
  • Melhor isolação das janelas ou colocação de vidros duplos, em vez de aquecedores ou o ar condicionado;
  • Deixar as persianas, portadas ou cortinas abertas para o sol entrar também ajuda a aquecer a casa no Inverno, tal como fechá-las ajuda a refrescar no verão;
  • Optar por painéis solares para aquecimento de água e produção de energia para autoconsumo;
  • Andar mais a pé, de bicicleta ou utilizar os transportes públicos e deixar o carro em casa.

 

Fontes: Expresso, Público

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