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Portugal queimou 700 milhões de toneladas de combustíveis fósseis

Portugal consumiu mais de 700 milhões de toneladas de combustíveis fósseis equivalentes ao petróleo para sustentar o seu desenvolvimento nos últimos 125 anos. Se quisermos cumprir o nosso papel na luta contra as alterações climáticas, temos que nos livrar, até ao final do século, de 16 milhões de toneladas de petróleo, carvão e gás natural que ainda queimamos anualmente para mover os carros, produzir eletricidade, alimentar indústrias e abastecer habitações.

Estes números resultam de uma compilação, feita em 2015 pelo PÚBLICO, dos balanços energéticos oficiais do país desde 1971 e de um levantamento histórico do uso de carvão e petróleo desde 1890. Uma aproximação simplificada das duas séries sugere que o país utilizou 521 milhões de toneladas de petróleo entre aquela data e 2014. A seguir vem o carvão, com 145 milhões de toneladas – também expressa em equivalentes de petróleo. E por fim o gás natural, com 56 milhões. O uso destes combustíveis fósseis soma, no período em análise, 722 milhões de toneladas equivalentes de petróleo.

O mundo terá de abdicar destas fontes de energia nas próximas décadas, para evitar um aumento da temperatura global acima de 2ºC – considerado incomportável. Para tal, as emissões mundiais de CO2 terão de baixar de 40% a 70% até 2050 e chegar a zero até 2100, segundo o IPCC, o painel científico da ONU para as alterações climáticas. Na prática, é o fim anunciado dos combustíveis fósseis, de onde vêm a maior parte das emissões de CO2.

Portugal tem projetos concretos para descarbonizar a sua economia no curto e médio prazo. O Plano Nacional para as Alterações Climáticas, quer reduzir as emissões de CO2 em 40% até 2030, em relação a 2005. Para tal, será preciso encerrar as centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, que funcionam a carvão.

Para o médio prazo, o guião para o país é o Roteiro Nacional de Baixo Carbono, aprovado em 2010. Segundo este plano, é possível chegar a 2050 com 50 a 60% menos emissões do que em 1990 e com uma dependência energética do exterior na ordem dos 50%, contra mais 70% agora.

Um dos maiores desafios está nos automóveis. Os quase seis milhões que estão em circulação no país sorvem atualmente 42% de todo o petróleo que Portugal importa, segundo os dados mais recentes da Direcção-Geral de Energia e Geologia. Outros 35% vão para fora do país, metade sob a forma de gasolina e gasóleo exportados, produzindo CO2 noutros países. O carro elétrico, neste momento, é a solução que parece mais viável para resolver este voraz apetite.

Fonte: Público

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