Recentemente foi apresentado à União Europeia o quarto projeto LIFE dedicado à conservação do Lince-Ibérico (Lynx pardinus).
Denominado Lynx Connect, o projeto, cuja versão definitiva foi apresentada em fevereiro pela Junta da Andaluzia, terá dois grandes focos:
- aumentar a população de lince-ibérico no mundo;
- garantir a ligação entre os núcleos de lince já existentes, para evitar problemas de consanguinidade.
Carmen Crespo, conselheira andaluz para a Agricultura, Ganadería, Pesca y Desarrollo Sostenible explicou que “o projeto vai tentar que, durante o período de execução, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) reclassifique o lince, para que este deixe de ser uma espécie “Em Perigo de Extinção” para passar a ser apenas uma espécie “Vulnerável”.
O Lince-Ibérico (Lynx pardinus) tem este estatuto de espécie “Em Perigo de Extinção” desde 22 de Junho de 2015, depois de ter estado anos na categoria mais elevada, “Criticamente em Perigo de Extinção”.
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Na opinião de Carmen Crespo, o objetivo do projeto Lynx Connect é um “grande desafio, mas possível, uma vez que se está a cumprir o requisito indispensável de manter, durante pelo menos cinco anos consecutivos, 125 fêmeas reprodutoras. Em finais de 2018, a população mundial desta espécie contava com 686 indivíduos, 306 dos quais eram reprodutores (160 fêmeas)”.
Atualmente existem 6 núcleos de Lince-Ibérico, sendo que apenas dois estão consolidados (Doñana e Serra Morena Oriental). Os núcleos Extremadura espanhola (Matachel), Portugal (Vale do Guadiana) e dois em Castela-La Mancha (Campo de Calatrava e Montes de Toledo) ainda estão pendentes de consolidação. Carmen acredita que “a consolidação e conetividade dos núcleos existentes vai garantir a conservação da espécie”.
O LIFE Lynx Connect tem ainda como objetivo criar dois novos núcleos na Sierra Arana (Granada) e em Lorca (Múrcia). Há já vários anos que a comunidade de Múrcia prepara espaços naturais da Rede Natura para a reintrodução do lince, nas serras de Lorca e Caravaca.
Futuro do Lince-Ibérico necessita da interligação dos núcleos populacionais
Graças a vários anos de trabalho de conservacionistas em Portugal e Espanha, atualmente existem cerca de 800 linces-ibéricos em estado selvagem, incluindo 135 fêmeas reprodutoras. Mas, o futuro da espécie precisa que os núcleos populacionais deste felino estejam interligados.
Ramón Pérez de Ayala, coordenador dos projetos dos grandes carnívoros da WWF Espanha, afirma que “é preciso começar a trabalhar para favorecer a ligação entre as várias populações de lince-ibérico”.
O problema da baixa diversidade genética
A diversidade genética demasiado baixa é um dos maiores desafios à sobrevivência do Lince-Ibérico, a par dos atropelamentos, da dependência das populações de coelho-bravo e do envenenamento e perseguição.
Os responsáveis pela conservação desta espécie, explicam que quanto mais consanguíneos forem os animais que se reproduzem, menor será o tamanho das ninhadas e menor será a taxa de sobrevivência das crias.
Rodrigo Serra, director do Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI) afirma que “os corredores naturais não estão devidamente consolidados e isso traz riscos acrescidos, porque qualquer coisa que aconteça a uma destas populações (como incêndios ou epidemias), poder eliminar um núcleo”.
Uma das formas para conseguir aumentar essa diversidade é fazer com que os animais de diferentes núcleos populacionais se encontrem e se reproduzam.
No entanto, este não é um desafio de fácil resolução. Ramón Pérez de Ayala explica que “em alguns casos há uma distância grande entre populações”, daí a importância do novo projeto LIFE Lynx Connect, que vai apostar em ter pequenas populações-ponte entre os grandes núcleos reprodutores, ligadas através de grandes corredores naturais. “Já sabemos quais são estes corredores naturais, agora vamos começar a determinar a sua idoneidade com a realização de censos de coelho-bravo que nos permita identificar os lugares chave que constituam essas pontes intermédias”, explicou o responsável espanhol.
Prioridades para Portugal
– Consolidar a população criada entre 2015 e 2018 no Vale do Guadiana;
– Estabelecer pequenos núcleos populacionais que reforcem a conectividade com as subpopulações de Andaluzia, Castilla-La Mancha e da Extremadura espanholas;
– Equacionar a possibilidade de uma nova área de reintrodução;
– Avaliar outros territórios potenciais que ofereçam condições adequadas de habitat, alimento, continuidade natural e tranquilidade e aceitação social para o estabelecimento de uma nova população;
– Apostar na sensibilização e informação das populações locais e dos públicos urbanos, por exemplo, com a criação de condições para o turismo de natureza.
O novo projeto LIFE já obteve a aprovação final e contará com uma verba de 18,5 milhões de euros durante o período 2020-2025.
O LIFE Lynx Connect dará continuidade ao anterior projeto “LIFE+Iberlince”, que decorreu entre setembro de 2011 e junho de 2018 e através do qual foi possível introduzir o lince-ibérico em território português, com caráter estabilizado.
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