O investimento nas energias renováveis, no que diz respeito, ao intuito de poupar com energia solar, ainda é, apesar de já ter sido mais apetecível aos portugueses, mais rentável do que colocar o dinheiro num depósito a prazo em Portugal.
Porém, os últimos dados do Banco de Portugal, no que toca ao crédito ao consumo, não enganam: aumentou 16,3% em janeiro, se comparado com o mesmo mês de 2015. Destes, o crédito pessoal com finalidade ‘educação, saúde, energias renováveis e locação financeira de equipamentos’ foi o que apresentou a maior subida, tendo o número de novos contratos aumentado 303,6% em termos homólogos.
A partir de um agregado familiar de quatro pessoas – dois adultos e duas crianças – e de dados recolhidos a partir de algumas consultoras, o ComparaJá.pt analisou dois possíveis cenários no que toca à utilização de energia renovável solar pela família.
O primeiro cenário é referente ao autoconsumo, que tal como o nome indica, destina-se ao consumo do agregado familiar, e o segundo aborda a questão da unidade de pequena produção, cuja energia produzida é vendida para a rede.
Autoconsumo vs unidade de pequena produção
Antes de avançar para a análise propriamente dita, é importante estabelecer a diferença entre painéis solares térmicos e fotovoltaicos, sendo os primeiros transformadores de radiação solar em energia térmica para o aquecimento da água ou similares, e os segundos conversores de energia solar em corrente elétrica:
Autoconsumo
A Unidade de Produção para Autoconsumo (UPAC) da fonte renovável, injeta a energia produzida na instalação de consumo, se bem que, em casos excecionais, os excedentes podem ser injetados na RESP. O objetivo desta produção é adequar a capacidade de produção ao regime de consumo, minimizando a injeção de energia na RESP e que a potência de ligação da UPAC seja menor ou igual a 100% da potência contratada na instalação de consumo.
Saiba mais: “Como Poupar na Conta da Luz”.
Unidade de pequena produção
O novo regime jurídico da produção distribuída, estabelece, para além da modalidade anterior, a produção de eletricidade em regime de Pequena Produção (PP). Mas o que são, ao certo as UPP?
Podem ser explicadas como unidades de produção com potência de ligação igual ou inferior a 250kW que injetam, tendo como fonte o sol, toda a energia produzida na rede elétrica de serviço público (RESP). Existem três categorias estabelecidas na legislação, no que toca às tarifas de referência:
- Categoria I: instalação de apenas uma Unidade de Pequena Produção (UPP)
- Categoria II: UPP associada no local de consumo com tomada para carregamento de veículos elétricos
- Categoria III: UPP associada no local de consumo com coletor solar térmico de área mínima útil de 2 m²
Cenário I: Unidade de Pequena Produção para agregado familiar de 4
A família Silva mora numa moradia nos arredores de Lisboa, um T3 com 25m2 de possível utilização de sistemas de produção de energia. Em termos de pressupostos energéticos:
Por sua vez, o gasto anual em gás natural ronda os 180 euros, uma vez que o custo com aquecimento da água desapareceu devido ao painel solar térmico.
Ora, tendo em conta esses pressupostos, decidiram instalar uma UPP de painéis fotovoltaicos e um solar térmico, constituindo um investimento inicial de 7,000 euros, aos quais acrescem 100 euros correspondentes ao custo da licença para produzir energia. Este financiamento tem uma taxa de juro média de 3,5% e corresponde a dez prestações anuais de 854,53 euros.
A partir da análise do gráfico, a família Silva terá o break even a partir do sétimo ano, conseguindo acumular mais de 20,000 euros ao longo de 25 anos, que é o tempo médio útil de vida dos aparelhos.
Esta é a solução em que a família não teria, logo após um ano, de pagar nada, tendo em conta a poupança em gás natural, apesar de ter um tempo de retorno mais longo para o consumidor.
Cenário II: Autoconsumo para agregado familiar de 4
O mesmo agregado familiar pensou de forma diferente: “e se produzirmos apenas energia para o nosso próprio consumo?” Apesar de se assumir que não há qualquer excedente vendido para a rede, o investimento inicial é substancialmente menor, rondando os 3.800 euros.
Se a família Silva pedir um empréstimo nesse valor para energias renováveis a uma taxa de juro média de 3,8% durante 6 anos, ficaria a pagar qualquer coisa como 736,72 anuais.
Para este cenário, as contas são bastante mais fáceis: o gasto com eletricidade acaba e tal como no cenário anterior, os custos com gás natural são bastante mais reduzidos devido ao painel solar térmico.
Neste caso, logo no final do primeiro ano a família terá um valor acumulado de 626,72 euros e ao fim dos 25, o retorno do investimento acumulado (neste caso a poupança da família) rondará os 40,000 euros no fim da vida útil do equipamento.
Nota Final
Produzir energia para autoconsumo demonstra então ser o mais viável, tendo poupanças substanciais logo no primeiro ano, seja em energia elétrica ou gás natural. No entanto, o facto de nem ter de “pagar nada” do seu bolso em termos energéticos logo no primeiro ano após o investimento na UPP, e tendo em conta as receitas previstas a partir do décimo ano, esta acaba ainda por ser, de longe uma opção mais atrativa comparativamente a deixar o dinheiro a render num depósito a prazo.
Nota: Todos os custos têm pressuposta uma variação da taxa de inflação anual na ordem dos 2%.
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Veja aqui algumas perguntas e respostas que podem ajudá-lo:
– Quem pode ser produtor de uma UPP?
Qualquer pessoa, singular ou coletiva, bem como condomínios de edifícios com propriedade horizontal que tenham um contrato de compra de eletricidade.
– Qual a potência máxima que pode ser instalada?
A potência de ligação de uma UPP tem de ser menor ou igual a 100% da potência contratada no contrato de fornecimento e não pode ser superior a 250kW.
– Como fazer o registo e obter o certificado de exploração?
Pode ser feito através do Sistema Eletrónico de Registo de Unidades de Produção (SERUP).
– Pode consumir-se e vender-se o excedente?
Não. Toda a produção é vendida e injetada na rede. Caso pretenda consumir a própria energia produzida e quando aplicável, vender o excedente da produção ao comercializador de último recurso (CUR), deve inscrever-se no regime de autoconsumo.
– Qual é a tarifa de venda?
A tarifa da energia elétrica produzida pela UPP é remunerada com base num modelo de licitação, no qual os concorrentes oferecem descontos à tarifa base e corresponde ao valor mais alto que resulte das maiores ofertas de desconto à tarifa de referência.
Esta é estabelecida em portaria da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) até ao dia 15 de dezembro de cada ano. No ano passado, foi de 95€/MWh (0,095€/kWh).
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Este artigo foi produzido pela equipa do ComparaJá.pt, uma plataforma online de agregação e comparação de produtos financeiros em Portugal, como cartões de crédito e crédito pessoal.