No mais recente Renewable Energy Country Attractiveness Index (RECAI), ranking semestral elaborado pela consultora EY que classifica os 40 principais mercados do mundo em função das oportunidades de investimento e de desenvolvimento no setor das energias renováveis, Portugal posiciona-se em 22.º lugar na lista dos países mais atrativos para o investimento neste setor.
O RECAI utiliza vários critérios para comparar a atratividade dos mercados de energias renováveis, tais como a magnitude do pipeline de desenvolvimento, que refletem a dimensão absoluta da oportunidade de investimento em energias renováveis. Assim, o índice beneficia naturalmente as grandes economias.
Esta edição inclui uma vez mais uma nova visão do índice, que normaliza o produto interno bruto (PIB), mostrando assim mercados que estão a ter um desempenho acima das expectativas face à sua dimensão económica. É neste índice que Portugal se destaca, ocupando o 7.º lugar do ranking.
O índice normalizado ajuda a revelar planos ambiciosos nas economias mais pequenas, onde a energia renovável está a crescer rapidamente e a tornar-se altamente atrativa para os investidores.
Portugal tem-se destacado não só pelos objetivos ambiciosos representados na atual revisão do Plano Nacional Energia e Clima (PNEC), mas também pela sua capacidade de implementação.
O novo objetivo fixado pelo governo português, de produzir 85% de eletricidade com fontes de energias renováveis em 2030, justifica a subida de três lugares no ranking e constitui um enorme crescimento da capacidade prevista nos setores solar, eólico e de hidrogénio verde, reduzindo assim a dependência do gás natural no país.
Principais destaques do RECAI
— Os EUA mantêm a primeira posição impulsionados pelo crescimento significativo do setor solar, em resultado dos incentivos da Lei de Redução da Inflação, aprovada em agosto de 2022, que é vista como uma ferramenta revolucionária para para vários setores de energia limpa, mas em particular para a indústria do hidrogénio verde.
— A Alemanha ocupa a 2.ª posição, tendo registado um crescimento substancial no seu setor eólico onshore.
— O 3.º lugar pertence à China, apesar da suspensão dos subsídios a nível nacional, continua a sua trajetória ascendente na energia eólica offshore.
— O Reino Unido deixou de ser o melhor mercado para projetos eólicos offshore, descendo três lugares no ranking. A diminuição de políticas verdes, reduziu a confiança dos investidores em energias renováveis do Reino Unido.
— Destaque para os países nórdicos que continuam a afirmar as suas intenções em matéria de energias renováveis como a Dinamarca, Suécia e Noruega.
— Destaque ainda para a Polónia que iniciará a construção do seu primeiro projeto eólico offshore, a entrar em funcionamento em 2026 e introduziu também nova legislação para facilitar o desenvolvimento de projetos eólicos e solares.
— Em sentido contrário, o Japão desceu para a 13.ª posição. O país ficou atrás de outras economias líderes em termos de implementação de energia solar e eólica.
A nível internacional, a recente edição do RECAI, realça o facto da energia eólica offshore ter apresentado no último ano um cenário desafiante nas cadeias de fornecimento e na subida dos custos das matérias-primas, que face à inflação poderá ainda aumentar na próxima década.
Neste contexto, apesar dos objetivos ambiciosos no mercado offshore, prevê-se que cerca de 80% dos 15 mercados não atinjam as metas estabelecidas para 2030.
Arnaud de Giovanni, Leader de Global Renewables da EY, refere que “para que a energia eólica offshore cumpra o seu papel na descarbonização global, é necessário mitigar os riscos que estão fora do controlo dos promotores, garantindo-lhes um retorno razoável dos seus investimentos”.
Refere ainda, que “as tensões na cadeia de fornecimento offshore poderiam ser aliviadas pela padronização das tecnologias, oferecendo maior segurança aos fabricantes e produtores”.
O papel dos governos também será extremamente importante, nomeadamente na elaboração e implementação de estratégias que simplifiquem e acelerem os processos de licenciamento.
Fontes: Ambiente Magazine; Ey