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Portugal vai ter nova área de reintrodução do Lince-Ibérico

Das 14 populações de Lince-Ibérico (Lynx pardinus) em todo o mundo, uma fica situada no Vale do Guadiana em Portugal. 

No âmbito do projeto LIFE Lynx Connect dedicado à conservação do Lince-Ibérico, está prevista a identificação de mais uma nova área de reintrodução desta espécie em Portugal.

O projeto Lynx Connect pretende criar uma metapopulação de lince-ibérico genética e demograficamente funcional.

Focos de ação:
  • aumentar a população de lince-ibérico no mundo;
  • garantir a ligação entre os núcleos de lince já existentes, para evitar problemas de consanguinidade.

 

O Lince-Ibérico (Lynx pardinus) tem um estatuto de espécie “Em Perigo de Extinção” desde 22 de Junho de 2015, depois de ter estado anos na categoria mais elevada, “Criticamente em Perigo de Extinção”. Em Portugal, chegou a viver numa situação de “pré-extinção”.

Leia o artigo: 5 espécies que lutam pela sobrevivência em Portugal.

Nova área de reintrodução

João Alves, técnico superior do Departamento de Conservação da Natureza e Biodiversidade do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), explicou que a nova área “deverá estar concluída durante os próximos quatro anos. Tudo dependerá da avaliação de um “número muito significativo de variáveis”.

Para que um território possa ser considerado apto para um processo de reintrodução de Lince-Ibérico, tem que previamente ser alvo de um conjunto de avaliações:

  • Existência de extensão e continuidade de habitat adequado, em termos qualitativos e quantitativos;

 

  • Níveis adequados de população da presa preferencial do Lince-Ibérico, o coelho-bravo, que permitam alimentar os exemplares libertados e a sua descendência;

 

  • Inexistência de patologias infeciosas noutras espécies de fauna que interagem com os linces e que podem constituir risco de insucesso;

 

  • Baixa presença nesse território de vias de comunicação com tráfego considerável ou de outros objetos físicos que possam constituir fatores de risco elevado de mortalidade (atropelamento, afogamento, etc.);

 

  • Aceitação social das populações que aí residem ou que aí têm uma atividade económica que possa ser conflituante com a presença do lince ibérico de modo permanente e em termos quantitativos significativos.

 

Atualmente, existe em Portugal entre 2.000 e 4.000 quilómetros quadrados de áreas adequadas à reintrodução do Lince-Ibérico.

População de Lince- Ibérico

A população do Vale do Guadiana é atualmente constituída por cerca 140 linces, 80 dos quais adultos ou subadultos (dados revelados pelos censos referentes a 2020), numa zona com cerca de 50.000 hectares, nos concelhos alentejanos de Serpa, Mértola, Castro Verde e Alcoutim.

Em toda a Península Ibérica são cerca de 1.111 os exemplares desta espécie, o número mais elevado das últimas duas décadas.

A evolução positiva da população deve-se essencialmente a 3 fatores: 

– Grande abundância de presas na área de reintrodução, especialmente de coelho bravo

O coelho-bravo é uma das principais presas do Lince-Ibérico. As populações de coelho-bravo têm sido monitorizadas no âmbito do projeto de reintrodução do Lince-Ibérico que, em Portugal, começou no final de 2014.

o ICNF integra atualmente uma candidatura específica ao programa LIFE Governança, para ser delineado e lançado um censo ibérico, a larga escala, e medidas de recuperação desta espécie, mediante a gestão de populações

Também estão previstas medidas de mitigação de conflitos, bem como o desenvolvimento de um polo de coordenação para as ações de recuperação e troca de ideias que, a médio/longo prazo, poderá produzir uma estratégia ibérica de recuperação do coelho-bravo.

Para além disso, foi feita uma proposta de Plano de Ação para o Controlo da Doença Hemorrágica Viral dos coelhos, com estratégias de investigação e ações prioritárias específicas. O objetivo é inverter o processo de declínio continuado das populações de coelho-bravo.

– Uma área muito vasta de habitat adequado (> 500 km2);

– Uma boa aceitação social da reintrodução. 

Um fator também a considerar num território de Lince-Ibérico é o risco de atropelamentos

Segundo João Alves do ICNF, está identificado um único ponto negro de atropelamentos em Portugal, que já foi sujeito a várias intervenções, nomeadamente:

  • redução da circulação para 50 km/h;
  • colocação de medidores de velocidade instantânea;
  • colocação de uma vedação ao longo de cerca de 2 km, que não só impede a passagem de linces para a estrada como os direciona para passagens subterrâneas.

Fonte: Wilder

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