As florestas são essenciais para a vida terrestre, abrigando uma vasta biodiversidade que representa cerca de 31% da superfície do planeta. Aproximadamente 4 mil milhões de hectares são o lar de 80% das espécies de anfíbios, 75% das aves e 68% dos mamíferos.
Em Portugal, as florestas autóctones são predominantes, representando 72% da área florestal, conforme indica o 6º Inventário Florestal Nacional realizado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) entre 2016 e 2018. Esta percentagem é composta principalmente por espécies como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), o sobreiro (Quercus suber), a azinheira (Quercus rotundofila) e o pinheiro-manso (Pinus pinea). Juntas, estas quatro espécies representam 61% da área florestal total em Portugal continental.
Se és apaixonado pela natureza ou simplesmente queres aprender mais sobre as árvores autóctones de Portugal, este artigo é para ti! Neste artigo vamos explorar 7 espécies de árvores autóctones que fazem parte da riquíssima flora portuguesa e que devem ser preservadas 🙂
Pinheiro Bravo (Pinus pinaster)
Com uma altura que pode atingir até 40 metros, o pinheiro-bravo é a conífera mais comum de Portugal.
É uma espécie florestal nativa da região mediterrânica e caracteriza-se pela sua elevada adaptabilidade a solos menos férteis e por ser resistente a condições climáticas adversas, como a seca e os incêndios.
Ecologicamente, esta espécie contribui para a estabilização de solos em áreas degradadas, prevenção da erosão e fixação de dunas, sendo também utilizado em reflorestamentos. A sua presença favorece a biodiversidade, oferecendo habitat e alimento a diversas espécies de fauna e flora.
A sua capacidade de formar florestas compostas quase exclusivamente por esta espécie torna-o mais vulnerável a pragas e doenças, exigindo assim, uma gestão florestal cuidadosa para evitar desequilíbrios ecológicos.
Sobreiro (Quercus suber)
Em Portugal, o sobreiro encontra-se largamente representado em várias regiões do país, com maior presença no Ribatejo e Alentejo. Ocupa 720 mil hectares do território continental e cobre 22,3% da nossa floresta, segundo o 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6, ICNF, 2019).
Pela sua importância ambiental e económica, reconhecida na Lei de Bases da Política Florestal, o sobreiro é atualmente uma espécie protegida a nível nacional, de acordo com o Decreto-Lei nº 169/2001, de 25 de maio, alterado pelo Decreto-Lei nº 155/2004, de 30 de junho.
Esta espécie é uma árvore emblemática em Portugal, sendo o principal fornecedor de cortiça, um recurso natural de grande valor económico e ecológico. Os montados de sobro, onde o sobreiro predomina, são sistemas agroflorestais típicos do país, promovendo uma gestão sustentável do solo e da biodiversidade.
Além da importância económica, os sobreiros desempenham um papel crucial na preservação da biodiversidade, contribuindo para a retenção de água, a proteção contra a erosão e a absorção de dióxido de carbono. Esta espécie também fornece habitat a várias espécies de fauna, algumas das quais ameaçadas.
Azinheira (Quercus rotundofila)
A azinheira é uma espécie amplamente presente em Portugal, especialmente nas áreas de montado e zonas de clima quente e seco. Desempenha um papel fundamental nos ecossistemas ibéricos, sendo uma espécie adaptada às condições ambientais adversas.
Economicamente, a azinheira é valorizada pela produção de bolotas, que são uma fonte de alimentação importante para a pecuária, em especial para o porco preto ibérico.
Ecologicamente, contribui para a proteção do solo contra a erosão, ajuda na retenção de água e proporciona habitat para uma rica biodiversidade, incluindo várias espécies de aves, mamíferos e insetos.
A proteção da azinheira, justifica-se pela sua importância ambiental e económica prevista no Decreto-Lei 169/2001, de 25 de maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de junho, que estabelece as medidas de proteção destas espécies florestais.
Pinheiro-manso (Pinus pinea)
O pinheiro-manso é uma árvore autóctone amplamente distribuída em Portugal, especialmente nas áreas costeiras e no sul do país.
Esta espécie é utilizada para madeira e resina, embora a sua importância económica esteja principalmente associada à colheita do pinhão.
Ecologicamente, desempenha um papel importante na prevenção da erosão do solo, especialmente em terrenos arenosos e contribui para a criação de habitats para diversas espécies de fauna e flora.
É frequentemente utilizado em projetos de reflorestamento e para estabilizar dunas costeiras, sendo uma espécie resistente e de grande valor ambiental.
Castanheiro (Castanea sativa)
O castanheiro é uma árvore de grande valor cultural e económico em Portugal, especialmente nas regiões montanhosas do norte e centro.
É uma espécie com grande longevidade que pode viver mais de mil anos. É especialmente conhecida pela produção de castanhas.
Cultivado desde a antiguidade, em povoamentos abertos para produção de castanha ou povoamentos com grande densidade de árvores, para produção de lenha (castinçais).
O castanheiro desempenha um papel ecológico relevante, contribuindo para a biodiversidade ao fornecer alimento e habitat para várias espécies de fauna. As florestas de castanheiros, chamadas soutos, são igualmente importantes na proteção do solo contra a erosão e na regulação do microclima local.
Carvalho português (Quercus faginea)
O carvalho português é uma espécie autóctone de porte médio a grande, que se destaca nas florestas de Portugal, especialmente nas regiões do centro e sul do país.
Ecologicamente, o carvalho português desempenha um papel importante na preservação da biodiversidade, servindo de habitat para várias espécies de fauna. Além disso, as suas bolotas são uma fonte de alimento para diversas espécies, como o Javali (Sus scrofa) e aves como o Gaio (Garrulus glandarius).
A madeira do carvalho português é valorizada pela sua durabilidade e resistência e os montados de carvalho são também importantes para a prevenção da erosão do solo e a manutenção da qualidade dos ecossistemas, contribuindo para a sustentabilidade ambiental das regiões onde se encontram.
Fonte: Florestas.pt ; Biodiversidade.com.pt