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Maior Banco de Sementes em Portugal preserva mais de 1/3 da Flora Portuguesa

Fatores como as alterações climáticas, os desastres naturais, o aumento da poluição, a exploração excessiva dos solos e a interferência do homem no habitat natural, estão a mudar a flora a nível global e os seus padrões de distribuição, atingindo toda a Europa, inclusive a flora portuguesa que enfrenta atualmente muitas ameaças.

Existe em Portugal, um Banco de Sementes, que trabalha desde 2001 na conservação e proteção de várias espécies ameaçadas. 

O Banco de Sementes A.L. Belo é o maior e mais antigo banco de sementes de espécies autóctones em Portugal Continental. Neste banco os tesouros são as mais de 3700 amostras de sementes, que agregam mais de 1200 espécies e subespécies de plantas de Portugal. 

Estas espécies ficam guardadas num ‘cofre’ sob a forma de um frigorífico de quatro metros quadrados. Com temperaturas que podem atingir os 18 graus negativos, este frigorífico preserva mais de 1/3 da flora portuguesa e cerca de 60% das espécies protegidas de Portugal Continental. Este processo acontece sob a vigilância de vários técnicos que realizam os processos de identificação, análise e preservação.

O Banco de sementes dispõe ainda de câmaras de germinação, onde quando é necessário, são colocadas sementes e se “imitam” as condições da natureza, como por exemplo: as horas de dia e da noite, a temperatura e a humidade que a planta precisa.

Este banco de sementes que é membro nacional do ENSCONET-The European Native Seed Conservation Network, consórcio europeu que reúne 30 bancos de sementes, aplica normas internacionais na recolha e conservação de sementes de forma a maximizar a qualidade, a longevidade e a diversidade genética.

Os técnicos afirmam que “milhares de sementes de uma só espécie podem manter-se vivas durante dezenas ou centenas de anos”.

Processo de preservação e conservação

Segundo Maria Manuela Sim-Sim, curadora deste banco de sementes, grande parte da flora portuguesa é dominada por plantas herbáceas e arbustos, estando as árvores em menor número.

As sementes chegam ao laboratório onde são limpas e sujeitas a um mês de secagem. Só depois é que as amostras são colocadas e guardadas em tubos de vidro tapados com algodão e sílica-gel, além do seu aprovisionamento com parafina. As sementes são divididas em três áreas: ortodoxas, intermédias e recalcitrantes.

As sementes ortodoxas retêm a sua viabilidade por um longo período de tempo, ou seja, com baixo conteúdo hídrico e temperaturas abaixo de zero.

As sementes recalcitrantes toleram apenas uma secagem parcial e nunca valores inferiores a 18-45% ou temperaturas muito abaixo dos 0 Cº.

As sementes intermédias podem tolerar baixos conteúdos hídricos, mas não suportam temperaturas negativas”.

Nos últimos anos, o Banco de Sementes deu prioridade à conservação de espécies ameaçadas contribuindo assim para o cumprimento em Portugal da meta 8 da Estratégia Global para a Conservação das Plantas, que recomenda a conservação de 75% das espécies ameaçadas no país de origem até 2020.

Como parte dessa estratégia, foi estabelecido em 2008 um Protocolo de colaboração com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que permite o planeamento e a conservação das espécies ameaçadas da Flora Portuguesa.

Para a curadora do banco, “a salvaguarda desta diversidade para o futuro a longo prazo é um desafio cada vez mais urgente para os portugueses”.

Portugal caracteriza-se pela diversidade da sua flora, onde coexistem espécies atlânticas, europeias, mediterrânicas e africanas, mas Maria Manuela afirma que “a perda de biodiversidade é uma realidade” e que “existe uma significativa percentagem de espécies ameaçadas de extinção”. Conclui dizendo que “gostaria de chegar a 2020 com 75% da flora ameaçada salvaguardada”.

A conservação das espécies ameaçadas é uma prioridade e permite implementar em Portugal a Estratégia Global para a Conservação das Plantas. Esta coleção de sementes constitui assim, um seguro contra a extinção das plantas no seu habitat natural, disponibilizando sementes para a reabilitação de habitats e a reintrodução de espécies ou reforço das suas populações.

Fontes: EuronewsMuseu Nacional de História Natural e da Ciência

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Trabalhos já realizados:

 

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