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Resíduos Têxteis: Menos de 1% do material usado para produzir vestuário é reciclado

Foi publicado recentemente o relatório “A new textiles economy: redesigning fashion’s future”, que aborda o impacto dos resíduos têxteis no ambiente e no futuro da moda.

O relatório foi desenvolvido pela Fundação Ellen Macarthur em parceria com a H&M, Nike e a Fundação C&A, que concluiu que o aumento da reciclagem representa uma oportunidade para a indústria da moda reaver mais de 100 biliões de dólares em materiais desperdiçados pelo sistema todos os anos, contribuindo dessa forma, para a redução do impacto negativo que os resíduos têxteis têm no ambiente.

Este relatório tem como principais objetivos:

  • Incentivar a economia circular como novo futuro da moda;
  • Realçar a importância de estimular a reciclagem dos materiais têxteis;
  • Realçar a necessidade de aumentar a recolha de roupas e investir em tecnologias de reciclagem.
Sabia que…
  • A cada segundo, depositamos em aterros ou incineramos o equivalente a um camião de lixo cheio de têxteis.
  • Menos de 1% do material usado para produzir vestuário é reciclado e transformado em roupas novas.

Desde o séc. XX, as roupas têm sido cada vez mais encaradas como produtos descartáveis. No seguimento da publicação deste relatório, Ellen MacArthur declarou que “a indústria têxtil de hoje está assente num modelo linear obsoleto do ‘usa-faz-descarta’ e é extremamente esbanjadora e poluidora”.

Ellen confessa ainda que “o crescimento da produção está intrinsecamente associado ao declínio da utilização de cada artigo, o que leva a uma quantidade incrível de desperdício”.

Estima-se que mais de metade da produção da moda rápida seja descartada em menos de 1 ano e que o número médio de vezes que uma peça de roupa é usada tenha caído 36% nos últimos 15 anos.

Rio contaminado pelos resíduos industriais do setor têxtil | Foto: RiberBlue

Principais conclusões do Relatório

A indústria têxtil depende sobretudo de recursos não renováveis (98 milhões de toneladas no total, por ano), incluindo petróleo para produzir fibras sintéticas, fertilizantes para cultivar algodão e químicos para produzir, tingir e finalizar fibras e têxteis.

A produção têxtil (incluindo a produção de algodão) usa cerca de 93 mil milhões de metros cúbicos de água anualmente, contribuindo para problemas de seca em regiões onde a água escasseia.

A utilização de substâncias potencialmente perigosas na produção têxtil tem um impacto sério na saúde dos agricultores e dos trabalhadores das fábricas, assim como no ambiente. É frequente os resíduos industriais e tintas usados pelo setor contaminarem os cursos de água. 

As estimativas apontam para que, durante a lavagem, as nossas roupas libertem meio milhão de toneladas de microfibras de plástico para os oceanos, todos os anos. Estas fibras são ingeridas por peixes e outros animais marinhos e entram na cadeia alimentar, o que significa que podemos acabar por comer as nossas próprias roupas.

Os investigadores prevêem que os impactos negativos da indústria têxtil aumentem drasticamente até 2050.

O relatório da Fundação Ellen MacArthur defende a necessidade de um novo modelo para o setor, assente nos princípios da economia circular, no qual as roupas, os tecidos e as fibras reentram na economia após a sua utilização e nunca acabem como desperdício.

Para tal, o relatório apela ao cumprimento de quatro medidas:
  • Suprimir gradualmente o uso de substâncias potencialmente perigosas e a libertação de microfibras;
  • Aumentar a vida útil da roupa (exemplo: apoio e promoção, por parte da indústria, de esquemas de aluguer de roupa a curto prazo);
  • Melhorar radicalmente a reciclagem;
  • Apostar na utilização de materiais renováveis.

 

A organização britânica Waste & Resources (WRAP) também desenvolveu uma iniciativa europeia para combater o desperdício na indústria têxtil e reduzir os resíduos têxteis. Saiba mais aqui: Plano europeu prevê desviar 90 000 ton de resíduos têxteis dos aterros até 2019.

Fonte: Theuniplanet

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