No mês de Março milhões de pessoas em todo o mundo participam na Hora do Planeta, para demonstrar o seu compromisso de proteger a biodiversidade do planeta.
Em 2018 foi publicado na revista Climatic Change, um estudo que afirma que as alterações climáticas colocam em risco de extinção metade das espécies de plantas e animais existentes nas áreas naturais mais importantes do mundo, como a Amazónia e as Galápagos.
Angela Morgado, da World Wide Fund for Nature (WWF), afirma que a “base da vida na terra como a conhecemos, a biodiversidade que nos sustenta a todos, está a desaparecer. É importante que todos assumamos um compromisso com o nosso Planeta e façamos mudanças no nosso dia-a-dia que ajudarão a assegurar um futuro para todos. Esta foi a mensagem principal da Hora do Planeta em 2018”.
O recente estudo intitulado de “Wildlife in a warming world – the effects of climate change on biodiversity in WWF’s priority places” foi desenvolvido pela Universidade de East Anglia, a Universidade James Cook e a WWF.
Para a elaboração deste estudo, os investigadores examinaram o impacto das alterações climáticas em quase 80 mil espécies de plantas e animais, em 35 das áreas mais diversas e naturalmente ricas em vida selvagem do mundo.
O estudo explora vários cenários futuros com diferentes variáveis climáticas. Cenários como:
- o aumento da temperatura glogal em 4,5°C;
- ou o aumento de 2°C, o limite superior de temperatura no Acordo de Paris.
Uma das conclusões apresentadas indica que mesmo que o objetivo de 2°C estabelecido no Acordo de Paris seja atingido, esses lugares podem perder 25% das suas espécies.
O relatório conclui ainda que as florestas do Miombo, o sudoeste da Austrália e as Guianas da Amazónia serão as áreas mais afetadas. Se houver um aumento médio global da temperatura de 4,5°C, os climas nessas áreas irão tornar-se inadequados para a maioria das plantas e animais que ali habitam, podendo levar, por exemplo:
– à extinção de 90% dos anfíbios, 86% das aves e 80% dos mamíferos nas florestas de Miombo – África do Sul;
– à extinção de 69% das suas espécies de plantas na Amazónia;
– à extinção de 89% dos anfíbios, no sudoeste da Austrália;
– à extinção de 60% de todas as espécies localizadas em Madagáscar.
Com o aumento de temperatura média global de 2°C e, caso as espécies se possam movimentar livremente para novos locais, o risco de extinção local diminui de cerca de 25% para 20%. Se estes fatores não se verificarem, as espécies podem não poder sobreviver, uma vez, que a maioria das plantas, anfíbios e répteis, como orquídeas, sapos e lagartos não podem se movimentar rapidamente para acompanhar estas mudanças climáticas.
O investigador Rachel Warren, do Centro Tyndall de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da UEA, explicou que esta “pesquisa quantifica os benefícios de limitar o aquecimento global a 2°C, em 35 das áreas mais ricas em vida selvagem do mundo. Estudámos 80 mil espécies de plantas, mamíferos, aves, répteis e anfíbios e descobrimos que 50% das espécies podem ser extintas nessas áreas, sem uma política climática assertiva. No entanto, se o aquecimento global for limitado a 2°C acima dos níveis pré-industriais, isso poderá ser reduzido para 25%. Limitar o aquecimento até 1,5°C não foi explorado, mas é esperado que proteja ainda mais os animais selvagens”.
Em geral, a pesquisa mostra que a melhor maneira de lutar contra a perda de espécies é manter o aumento da temperatura global o mais baixo possível.
Reduzir as perdas de biodiversidade – Outras soluções
Além da redução das emissões de gases com efeito de estufa, o estudo defende igualmente outras soluções para reduzir as perdas de biodiversidade, como por exemplo:
- Ajudar as espécies a migrar para novos territórios com mais condições de vida. Isto pode ser feito com a criação de corredores ecológicos entre áreas protegidas.
- Translocação das espécies que não se conseguem movimentar tão rapidamente quanto o necessário (como as orquídeas, anfíbios e répteis).
Stephen Cornelius, conselheiro da WWF Internacional para as questões climáticas, afirma que “a mitigação faz uma grande diferença na conservação e preservação da biodiversidade do planeta. Mas mesmo isso, pode não ser suficiente para muitas espécies.”
Leia ainda os artigos:
- Passagens Verdes: Como ajudar os animais a atravessar a estrada?
- Os 12 corredores ecológicos essenciais para a circulação da vida selvagem na Península Ibérica
Fontes: wilder, worldwildlife
Imagem de destaque: Pixabay
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