A última atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, divulgada recentemente pela organização internacional UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza, indica que cerca de 74% de espécies de insetos das ilhas dos Açores estão ameaçadas de extinção.
A UICN classificou a situação de 93.577 espécies de animais e plantas em todo o mundo, tendo avaliado mais de uma centena de espécies de insetos das ilhas dos Açores. Segundo o comunicado divulgado, as principais ameaças aos insetos são:
- a degradação de habitat ocupada por espécies de plantas invasoras;
- as alterações no uso do solo;
- um clima cada vez mais seco.
Entre as espécies avaliadas nos Açores, constam12 espécies de escaravelhos do género Tarphius, apelidados em inglês de “ironclad beetles” (escaravelhos-couraçados), todas elas ameaçadas de extinção.
Estes escaravelhos dependem de madeira em decomposição, de uma cobertura de musgos e fetos para sobreviverem, mas a conteira (Hedychium gardnerianum), uma planta invasora introduzida dos Himalaias, está lentamente a substituir as espécies de plantas nativas.
Planta Invasora: conteira (Hedychium gardnerianum)
Fonte: Invasoras.pt
A espécie Tarphius relictus, juntamente com mais 3 outras espécies de escaravelhos dos Açores, “têm sido especialmente afetados por esta mudança e estão agora reduzido a uma distribuição com menos de um hectare”, alerta a UICN.
Axel Hochkirch, responsável pela área da Conservação dos Invertebrados na UICN, explica que “pequenas mudanças em habitats têm grandes impactos nos invertebrados e nas espécies endémicas das ilhas”.
Apesar disso, a organização internacional elogiou o Governo dos Açores pelo estabelecimento de uma área protegida.
Projeto “LIFE VIDALIA” – Conservação de espécies endémicas nos Açores
Para ajudar na preservação e conservação de espécies endémicas das ilhas dos Açores, o governo regional açoriano, aprovou recentemente um novo projeto LIFE, designado LIFE VIDALIA, um programa de valorização e inovação, que vai permitir a conservação de espécies da flora endémica do arquipélago.
O projeto estará focado nas ilhas do Pico, Faial e em São Jorge, com trabalhos de conservação que abrangem todos os sítios da Rede Natura 2000.
Além dos insetos no arquipélago açoriano, muitas outras espécies por todo o mundo correm o risco de se extinguirem.
Segundo os últimos resultados obtidos, estima-se que em todo o mundo, das 93.577 espécies que fazem atualmente parte da Lista Vermelha, cerca de 26.197 animais e plantas estejam atualmente em risco de desaparecer, sendo que 872 espécies já estão classificadas como extintas. 69 espécies estão ainda extintas na natureza, sobrevivendo apenas em cativeiro ou fora da sua área de distribuição.
Entre as espécies que passaram a estar classificadas como ameaçadas de extinção, existem:
- 5.664 espécies “Criticamente em Perigo” (ou Possivelmente Extintas);
- 8.701 estão “Em Perigo” (risco muito elevado);
- 11.832 são “Vulneráveis” (risco elevado).
Um caso preocupante, são os répteis da Austrália. Cerca de 7% (975 foram avaliados pela primeira vez para a Lista Vermelha) estão ameaçados por espécies invasoras, como o gato feral e pelas mudanças climáticas.
Os especialista concluíram que as espécies invasoras são a principal ameaça à sobrevivência de mais da metade dos répteis ameaçados da Austrália.
Craig Hilton-Taylor, responsável pela unidade da UICN para a Lista Vermelha, indica que “(…) estamos a entrar num período em que as extinções têm lugar num ritmo muito mais elevado do que o padrão natural. Estamos a colocar em perigo os sistemas de suporte de vida do nosso planeta e a colocar o futuro da nossa própria espécie em risco”.
Inger Andersen, directora-geral da UICN, indicou algumas das principais ameaças ao ecossistema:
- espécies invasoras,
- mudanças nos padrões dos incêndios, ciclones;
- divergência entre os humanos e a vida selvagem.
Pacto mundial para a Biodiversidade
Após a divulgação destes resultados, a secretária-executiva da Convenção para a Diversidade Biológica, Cristiana Pasca Palmer, apelou ao lançamento de um pacto mundial para a biodiversidade, com o objetivo de expandir em cada década, 10% das reservas naturais, áreas marinhas protegidas e outras com estatuto semelhante, de forma que a em 2050 metade do mundo seja já amigo da natureza.
Fonte: wilder
Imagem de destaque: Paulo A.V Borges – Retirada do Portal da biodiversidade dos Açores
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Trabalhos já realizados:
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