A Agência Europeia do Ambiente (AEA) publicou recentemente o 6º relatório Europeu do Estado do Ambiente, intitulado de “O ambiente na Europa – Estado e perspetivas 2020″ – SOER 2020 (SOER 2020 – State of the Environment Report 2020).
Este relatório, produzido de cinco em cinco anos, consiste numa das avaliações ambientais mais exaustivas da Europa.
Como principais conclusões, o relatório indica que a Europa, nas últimas duas décadas, realizou progressos significativos em termos de mitigação das alterações climáticas, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.
Segundo o relatório, são também evidentes sinais de progresso em domínios, como o combate à poluição do ar e da água e a introdução de novas políticas para fazer face aos resíduos de plástico e reforçar a adaptação às alterações climáticas, a economia circular e a bioeconomia.
Contudo, e apesar dos progressos, o novo estudo revela também que “as tendências ambientais globais na Europa não melhoraram desde o último relatório, em 2015” e que por isso, a atual taxa de progresso não será suficiente para que a Europa alcance, até 2050, a sua visão de sustentabilidade, sobretudo se continuar a promover o crescimento económico sem ter em conta os impactes ambientais e sociais.
Embora as políticas da UE em matéria de ambiente e de clima tenham proporcionado benefícios substanciais, a Europa enfrenta problemas em domínios como a perda da biodiversidade, a utilização de recursos, o impacte das alterações climáticas e os riscos ambientais. A conservação da biodiversidade é o domínio mais preocupante.
Do 13 objetivos definidos para a proteção da natureza e conservação da biodiversidade, só 2 deverão ser atingidos:
– Designação de zonas marinhas protegidas e áreas terrestres protegidas. Entre os objetivos com menos progressos estão:
- a proteção de espécies e habitats, nomeadamente espécies comuns de aves e borboletas que apresentam um declínio, em especial as aves de zonas agrícolas (32%) e as borboletas de zonas de pastagens (39%);
- a proteção dos serviços dos ecossistemas;
- a conservação de ecossistemas aquáticos e zonas húmidas;
- o estudo da biodiversidade marinha;
- os impactes das alterações climáticas nos ecossistemas.
Atualmente, 60% das espécies e 77% dos habitats protegidos pela Diretiva Habitats da União Europeia estão ameaçados.
Segundo os autores deste relatório, sem planos e ações de gestão adequados nos próximos anos para fazer face ao ritmo alarmante da perda de biodiversidade, do aumento dos impactes das alterações climáticas e do consumo excessivo de recursos naturais, a Europa não atingirá os seus objetivos para 2030, o que resultará numa maior deterioração da natureza e um agravamento da poluição do ar, da água e do solo
Medidas para 2030 e 2050 – Principais domínios
O relatório identifica sete áreas-chave em que é necessário tomar medidas urgentes:
– Reforçar a implementação, integração e coerência das políticas ambientais existentes (políticas a longo prazo que envolvam o uso da terra, os produtos químicos ou o sistema alimentar com metas obrigatórias;
– Enquadrar, de forma sistémica e a longo prazo, a elaboração de políticas e definição de metas;
– Liderar a ação internacional rumo à sustentabilidade (promoção a adopção de acordos internacionais ambiciosos);
– Fomentar a inovação em toda a sociedade;
– Ampliar os investimentos e reorientar o setor financeiro para apoiar projetos e atividades sustentáveis;
– Gerir os riscos e assegurar uma transição socialmente justa;
– Reforçar a ligação entre o conhecimento e a ação.
Para colocar a Europa novamente no caminho certo é necessário cumprir os objetivos e metas de política ambiental a médio e longo prazo estabelecidas.
Segundo os investigadores, a estratégia para por “repensar a forma como se utilizam as inovações e as tecnologias existentes, como podem ser melhorados os processos de produção, como pode ser fomentada a investigação e desenvolvimento em matéria de sustentabilidade e como podem ser estimuladas mudanças nos padrões de consumo e estilos de vida”.
Apesar deste relatório mostrar uma tendência negativa, a realidade ainda não é irreversível.
Os autores do relatório acreditam que “há motivos para ter esperança, face ao atual contexto de maior sensibilização dos cidadãos para a necessidade de uma transição para um futuro sustentável, às inovações tecnológicas e às crescentes iniciativas comunitárias e de reforço da acção da UE, com o Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal).”
Fontes: APA, Wilder, EEA.Europa