BESS: Guia essencial sobre sistemas de armazenamento de energia

A transição energética não se faz apenas com a produção de energia limpa, depende também da capacidade de armazenar e gerir essa energia de forma eficiente.

É neste cenário que ganham destaque os Sistemas de Armazenamento de Energia em Bateria (Battery Energy Storage Systems – BESS), uma tecnologia que tem vindo a ganhar terreno em projetos de escala industrial, comercial e também no setor doméstico.

Neste artigo, explicamos de forma clara e acessível o que são os BESS, como funcionam, onde são aplicados, quais os principais benefícios e desafios no contexto energético atual e ainda a legislação ambiental aplicável a esta tecnologia.

O que é um BESS?

Um BESS é um sistema composto por baterias que armazena energia elétrica para posterior utilização. Em vez de desperdiçar a energia gerada em excesso (como acontece frequentemente com a energia solar e eólica), um BESS permite guardar essa energia e usá-la mais tarde, quando a procura aumenta ou a produção é insuficiente.

Como funciona?

O funcionamento de um BESS pode ser resumido em três fases:

  • Carregamento – Quando há excesso de energia (por exemplo, ao meio-dia numa central solar), o sistema carrega as baterias.

  • Armazenamento – A energia é guardada em segurança até ser necessária.

  • Descarga – Quando a procura aumenta ou há falha na rede, o sistema fornece energia armazenada ao utilizador ou à rede elétrica.

Este processo é gerido por sistemas inteligentes de controlo, que optimizam a eficiência e a segurança do equipamento.

 Principais aplicações dos BESS

🔋 Integração de energias renováveis

Os sistemas BESS contribuem para a integração eficiente de fontes renováveis, ao reduzir os efeitos da sua intermitência e reforçar a fiabilidade do sistema elétrico.

Estabilização da rede

Contribuem para a regulação de frequência e controlo de tensão, corrigindo flutuações e assegurando a qualidade da energia fornecida.

💡 Gestão de picos de consumo

Permitem reduzir os custos com eletricidade nos períodos de maior procura (horas de ponta), ao utilizar energia previamente armazenada durante períodos em que o preço é mais baixo.

🏭 Autonomia energética e autoconsumo

Empresas e edifícios podem armazenar energia gerada localmente (ex.: fotovoltaico), aumentando a sua autossuficiência energética e reduzindo a dependência da rede.

🛟 Backup e segurança

Funcionam como sistemas de energia de emergência, assegurando o funcionamento de equipamentos críticos em caso de falha da rede.

🌍 Apoio a zonas remotas e ilhas

Fundamentais em contextos com infraestrutura limitada, como nos Açores ou na Madeira, contribuindo para a redução da dependência de combustíveis fósseis.

Vantagens Técnicas, Económicas e Ambientais dos Sistemas BESS

Técnicas e económicas:

  • Redução de custos com energia em horários de ponta;

  • Maior fiabilidade do sistema elétrico;

  • Flexibilidade na gestão da produção e consumo.

✅ Ambientais:

  • Redução do uso de combustíveis fósseis;

  • Maior aproveitamento da energia renovável (solar e  eólica);

  • Diminuição das perdas de energia.

Desafios Ambientais

Embora benéficos, os BESS não são totalmente isentos de desafios ambientais, nomeadamente:

  • Impacte ambiental da extração de materiais (lítio, cobalto, níquel);

  • Gestão de resíduos perigosos no fim de vida útil das baterias;

  • Riscos de incêndio e sobreaquecimento;

  • Necessidade de monitorização e manutenção de forma constante.

Enquadramento Legal em Portugal

A instalação e operação de sistemas BESS estão sujeitas a um conjunto de exigências legais, técnicas e ambientais. Eis os principais elementos a ter em conta:

📜 Regime jurídico da atividade

  • Decreto-Lei n.º 15/2022, de 14 de janeiro
    Estabelece o regime jurídico das atividades de produção, armazenamento e autoconsumo de energia elétrica. Os BESS podem funcionar como instalação autónoma ou associada a uma unidade de produção renovável.

🌿 Avaliação de Impacte Ambiental (AIA)

 

  • A 31 de julho de 2025, foi publicado o Despacho nº 2/2025, que clarifica os procedimentos de licenciamento e avaliação ambiental no âmbito dos processos de instalação de sistemas armazenamento de energia.

 

  • O Despacho nº 2/2025 estabelece uma distinção entre instalações de armazenamento colocalizado e autónomo, definindo os critérios técnicos e legais que determinam a sua sujeição ou dispensa de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). Adicionalmente, especifica as obrigações dos promotores quanto ao cumprimento das decisões ambientais previamente emitidas e define a distância mínima entre as instalações e os limites da área do projeto.

♻️ Gestão ambiental e de resíduos

As baterias são classificadas como resíduos perigosos no final da sua vida útil. O promotor tem de cumprir o Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR) – Decreto-Lei n.º 102-D/2020, de 10 de dezembro, garantindo:

  • Armazenamento seguro;
  • Entrega a operadores licenciados;
  • Registo e rastreabilidade do fluxo de resíduos.

🔥 Segurança e prevenção de riscos

É obrigatório garantir sistemas de deteção e extinção de incêndios, isolamento de baterias e contenção de líquidos perigosos. A instalação deve respeitar o Regulamento de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (SCIE).

🏗️ Compatibilidade com o ordenamento do território

O projeto deve estar conforme com o Plano Diretor Municipal (PDM) e outras restrições de uso do solo. 

O BESS vão desempenhar um papel cada vez mais central na infraestrutura energética. No futuro é esperado que haja uma redução do custo das baterias, uma maior duração e eficiência dos sistemas, uma maior integração com hidrogénio verde e uma maior presença em edifícios e veículos elétricos.

Apoiamos a sua empresa!

NOCTULA – Consultores em Ambiente pode auxiliar a sua empresa nas diferentes fases do Procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, em todas as áreas de intervenção, nomeadamente:

  • Pedidos de Enquadramento no RJAIA;
  • Estudos relacionados com os procedimentos de Avaliação de Impactes (EIA) e Incidências Ambientais (EIncA);
  • Estudos de Grandes Condicionantes ou Macrocondicionantes;
  • Relatórios de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE);
  • Elaboração e Implementação de Medidas Minimizadoras e Compensatórias (Planos de monitorização).

 

Trabalhos já realizados:

 

Se precisar de algum serviço na área da Avaliação de Impacte Ambiental não hesite em contactar-nos.

Fontes: APA, DGEG

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