A Universidade de Évora divulgou recentemente a descoberta de uma nova espécie de planta endémica em Portugal, designada – Helosciadium Milfontinum.
Carla Pinto Cruz, investigadora do MED (Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento) da Universidade de Évora, explica que esta nova espécie para a flora de Portugal, “trata-se de uma planta rara e fortemente ameaçada”, que cresce em charcos temporários e se encontra restringida a nível mundial a pequenas áreas da Costa Vicentina.
Existem regras internacionais para atribuir o nome a cada planta (nomenclatura), inscritos no Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN), que é usado até aos dias de hoje. Após a descoberta ou clarificação de uma determinada espécie, cada planta é designada por uma combinação exclusiva de duas palavras em latim, referindo-se a primeira ao género e a segunda ao epíteto específico. Assim, o nome da nova espécie “Milfontinum” é alusivo à área de ocorrência da planta, ou seja, Vila Nova de Milfontes.
Helosciadium Milfontinum
A nova planta foi descoberta graças a um estudo conjunto entre a Universidade de Évora e botânicos da Universidade de Oviedo, em Espanha. A realização do estudo correspondeu a uma iniciativa do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em parceria com o Fundo Ambiental através do projeto “Recuperação de Valores Naturais – Habitats e Espécies de Zonas Húmidas Temporárias”, que tem como objetivo:
- a contribuição para a conservação de valores e recursos naturais;
- a promoção e manutenção da biodiversidade;
- o restauro de habitats;
- a valorização do território, com base nos sistemas e espécies autóctones.
Estudo
Mediante um estudo taxonómico, a equipa mostrou que as características morfológicas e genéticas distingue esta nova espécie de uma outra que já se encontrava previamente classificada – a “Apium repens”, cuja área de distribuição é mais abrangente no território europeu, ao contrário da Helosciadium milfontinum, que se encontra-se restringida mundialmente a pequenas áreas da Costa Vicentina.
A investigadora Carla Pinto Cruz, explica que a nova espécie “faz lembrar um pequeno guarda-chuva, semelhante às flores do agrião. Floresce entre julho e agosto e frutifica no início de setembro”. A investigadora acrescenta dizendo que a planta tem “caules rastejantes que enraízam em nós e as folhas são lobadas e têm as margens dentadas”.
Desde o início do século que os cientistas recorrem a dados moleculares para melhorar a classificação das plantas e a identificação das espécies, tendo sido, precisamente, “através da identificação de pequenas sequências de DNA, próprias de cada espécie”, que foi possível descobrir e clarificar a nova espécie”.
Estado de conservação
A investigadora Carla Pinto Cruz, explica que a identificação precisa de cada espécie é essencial para se planear adequadamente os esforços de conservação.
No que respeita à nova espécie, percebeu-se que a planta está bastante isolada geneticamente e por isso, é necessário uma maior consciência do seu verdadeiro estatuto de conservação e da sua importância e grau de ameaça.
O levantamento feito nos charcos temporários da região alentejana permitiu constatar que as ameaças à sua conservação são cada vez mais fortes. São “um habitat único que alberga uma grande diversidade de organismos e onde a diversidade biológica vai sendo perdida à medida que cada espécie se extingue”, defende Carla Pinto Cruz.
Esta planta já foi alvo de alguns esforços de conservação, mas “só tendo um bom conhecimento das espécies é que podemos perspetivar e priorizar adequadamente os esforços de conservação”, finaliza a investigadora.
Leia ainda o nosso artigo: Descoberta nova espécie para a flora de Portugal.
Fontes: Público, Ambiente Magazine
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Monitorização de Flora, Vegetação e Habitats:
- Identificação da presença de espécies RELAPE;
- Acompanhamento da recuperação do coberto vegetal em áreas intervencionadas;
- Levantamentos e catálogos florísticos.
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- Monitorização de Flora e Habitats na Subconcessão rodoviária do Pinhal Interior,
- Plano de Monitorização dirigido à espécie Murbeckiella sousae, espécie endémica de Portugal continental, representada na fotografia em baixo.
- Inventariação e cartografia de manchas de Espécies Exóticas Invasoras;
- Monitorização de Flora RELAPE – Parque Eólico e Linha de Transporte de Energia;
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