Na semana de 1 a 5 de Outubro, Sagres, foi palco do maior evento de natureza e de aves em Portugal.
Em outubro, milhares de aves sobrevoam o Algarve a caminho dos seus territórios de invernada em África. A realização da 12ª edição do Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza, possibilitou a todos os amantes da natureza, 5 dias recheados de atividades, desde saídas de campo, passeios de barco, minicursos temáticos, palestras, ateliers de educação ambiental, sessões de anilhagem e de monitorização e ainda sugestões como caminhadas, cursos de fotografia e visitas guiadas históricas.
Joana Domingues, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), explicou que o Festival realiza-se no local certo, porque “Sagres localiza-se no extremo sudoeste de Portugal (e da Europa) e por isso é um local de convergência de aves migratórias”.
O evento foi organizado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, em parceria com a SPEA e a Associação Almargem.
O programa do evento contou com mais de 150 atividades.
Durante o Festival os participantes tiveram a possibilidade de observar espécies raras, como a petinha-de-richard (Anthus richardi), uma ave migradora bastante rara em Portugal, proveniente das paragens longínquas da Sibéria.
Em 2021, a ave “estrela” do Festival foi a cegonha-preta (Ciconia nigra), uma ave com presença regular nos céus de Sagres, que se pode observar com relativa facilidade na altura da migração. A cegonha-preta vê-se geralmente sozinha ou em casais (na época de reprodução), mas entre agosto e outubro, quando migra para África, podem juntar-se bandos que chegam às 100.
10 atividades interessantes realizadas durante o Festival
1 – Aprender a fotografar aves
No programa do Festival estiveram disponíveis várias atividades onde fotógrafos de natureza ensinaram técnicas para fotografar aves. Por exemplo:
- saídas de campo para aprender a fotografar aves costeiras e aves noturnas;
- curso de curta duração para aprender a fotografar com o hidrohide, um abrigo flutuante que nos permite ficar muito perto das aves.
2 – Observar aves marinhas
A bordo de iates ou semi-rígidos, os participantes tiveram a possibilidade de ir para o mar guiado por biólogos e descobrir aves marinhas pelágicas.
Esta região é atualmente reconhecida como um dos únicos locais na Europa onde se podem observar algumas espécies de aves marinhas pelágicas, como por exemplo: pardela-de-barrete, pardela-sombria, painho-de-Wilson, moleiro-rabilongo ou gaivota-de-audouin.
3 – Observa aves planadoras
Os participantes tiveram a oportunidade de se juntar aos especialistas da SPEA e observar as aves planadoras que passam pelo posto da Esparregueira.
4 – Aprender a registar aves num caderno de campo
Manter um caderno de campo com registo das observações, torna as observações mais valiosas para si próprios e para a ciência e pode servir de diário para mais tarde recordar.
Durante o Festival houve algumas sessões teóricas sobre registos de campo para observação de aves (15-30min), seguida de uma sessão prática (45-60min) para pôr em prática os conceitos.
5 – Assistir a sessões de anilhagem e aprender técnicas de anilhagem científica de aves
A anilhagem de aves consiste num processo de captura, marcação, estudo e posterior libertação.
Os participantes tiveram a possibilidade de se juntar ao grupo de anilhadores e assistir às sessões e assim ficar a conhecer de perto as aves que todos os anos passam nesta região.
Para os mais curiosos, também se realizaram workshops de anilhagem científica que incluíram a demonstração prática de técnicas de anilhagem.
6 – Aprender a desenhar aves
Neste workshop os participantes tiveram a possibilidade de aprender a desenhar aves no seu caderno de campo, conhecendo técnicas para fazer esboços, com especial destaque para as aves.
Também se realizaram outros workshops sobre o desenho de aves, nomeadamente como desenhar a grafite, a esferográfica, a lápis de cor e a aguarela.
7 – Participar na monitorização de aves planadoras
Os participantes tiveram a possibilidade de integrar uma equipa de investigadores que está a monitorizar a migração das aves, especialmente rapinas, no âmbito de um estudo sobre impactes de parques eólicos sobre a avifauna na região.
8 – Aprender a construir caixas-ninho para aves
Os participantes tiveram a oportunidade de construir caixas-ninho para aves, nomeadamente para as diferentes espécies de chapim que ocorrem em Portugal.
Esta atividade permitiu perceber qual a importância de construir caixas-ninho, quais os segredos para as construir e instalar e qual o papel das espécies para o equilíbrio dos ecossistemas.
Esta iniciativa insere-se no projeto “Alojamento Local para Aves”, que está a ser implementado em toda a região do Algarve e que pretende beneficiar algumas espécies de aves urbanas.
9 – Aprender a construir Assobios e Chamarizes
Nesta oficina os participantes tiveram a possibilidade de aprender a construir e utilizar alguns destes instrumentos tradicionais, típicos do noroeste da península ibérica, com os quais podes atrair algumas aves mais curiosas.
10 – Participar numa ação de devolução à Natureza de uma ave recuperada
Todos os participantes tiveram a possibilidade de estar presentes numa ação de devolução à Natureza de uma ave recuperada no RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa. Esta ação foi precedida de uma breve explicação sobre a ecologia e biologia da espécie e sobre o trabalho desenvolvido no RIAS.
O RIAS tem como principal função receber e proceder ao tratamento de animais selvagens, feridos ou debilitados e, sempre que possível, devolvê-los ao seu habitat natural.
Atividades para crianças
As crianças também tiveram a possibilidade de participar neste Festival, através de atividades como:
- anilhagem de aves;
- peddy-papers para descobrir aves e o mundo natural;
- ajudar a arrancar o chorão-das-praias na Fortaleza de Sagres;
- ouvir contos infantis/juvenis na praia;
- ajudar biólogos a detetar ninhos de chilreta (fictícios) na praia e a contar e medir os seus ovos;
- construir aves com diferentes materiais;
- fazer caminhadas à procura de folhas e dos seus mistérios e procurar os diferentes animais que vivem nas praias, tanto no areal como na zona de rochas.
Fontes: Wilder; Birdwatching Sagres; SPEA