O envenenamento ilegal da vida selvagem é uma ameaça global para a biodiversidade, mas a magnitude de seu impacto nos ecossistemas é amplamente subestimada, pois a maioria dos episódios de envenenamento não é facilmente de detetável.
Um estudo publicado recentemente na revista científica Biological Conservation, revela que o envenenamento ilegal atinge 47 vertebrados na Península Ibérica.
As raposas surgem como as grandes consumidoras de iscos envenenados, mas muitos outros animais, incluindo roedores, lagartos e cobras, lobos, ursos, abutres e grandes águias são vítimas de envenenamento ilegal em Espanha e Portugal.
Estudo – Trabalho de campo
Para chegar aos resultados, uma equipa vasta de investigadores começou por realizar experiências de campo em grande escala, com a colocação e análise de 590 iscos simulados, distribuídos pelos principais sistemas da Península Ibérica, em 25 áreas diferentes vigiadas por câmaras de foto-armadilhagem, incluindo o Nordeste de Portugal.
Os registos obtidos no campo totalizaram 3.095 animais de 39 espécies diferentes observados a consumir os iscos simulados, incluindo 22 espécies de aves, 15 de mamíferos e duas espécies de répteis.
Das espécies detectadas, 38% estão atualmente ameaçadas de extinção, ou quase ameaçadas e identificadas nas Listas Vermelhas de Portugal e Espanha ou na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. Entre as espécies ameaçadas, encontram-se por exemplo o Lobo-ibérico (Canis lupus signatus), o grifo (Gyps fulvus), o abutre-preto (Aegypius monachus), a águia-d’asa-redonda (Buteo buteo), o corvo-comum (Corvus corax) e o abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus).
De acordo com os investigadores, identificar todas as espécies selvagens afetadas pelos envenenamentos ilegais não é uma tarefa fácil, pois os animais mortos ficam muitas vezes por encontrar, escondidos no campo ou nos seus abrigos.
No entanto, com os resultados encontrados a equipa de investigadores espera ajudar a conhecer a verdadeira dimensão do impacto do envenenamento de fauna nos ecossistemas, de forma a melhorar as tarefas de fiscalização e a combater melhor esta ameaça para a biodiversidade.
Ao revelar a identidade das espécies em risco de envenenamento ilegal, o estudo pretende também ajudar a prever o número de espécies e de animais afetados de acordo com o tipo de isco utilizado e o habitat onde foi colocado.
Em Portugal, está atualmente ativo o Protocolo de Atuação desenvolvido no âmbito do Programa Antídoto Portugal, que restabelece os procedimentos a executar nos casos em que são encontrados, em meio natural, animais selvagens, mortos ou feridos, com suspeita de uso de substâncias tóxicas.
Fontes: Wilder; UAM, sciencedirect
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