O impacto das cidades na crise climática atual é cada vez mais uma preocupação constante por parte de todos os envolvidos nas tomadas de decisão. Essa consciencialização e preocupação tem levado à implementação de estratégias que permitem combater o grave problema das alterações climáticas.
Muitas cidades a nível mundial são grandes exemplos de como boas estratégias podem assegurar um futuro mais sustentável. A Carbon Disclosure Project (CDP), uma organização cujo objetivo consiste em alertar os países, empresas, investidores e regiões a gerir o seu impacto ambiental, publicou recentemente uma lista com as cidades líderes em ação climática. 3 dessas cidades são portuguesas!
Lisboa, Guimarães e Sintra estão entre as 105 cidades do mundo, líderes na ação pelo clima.
A lista da CDP foi projetada para impulsionar as cidades a aumentar suas ações e ambições climáticas e é baseada em dados inseridos no Sistema de Relatório Unificado CDP-ICLEI, que incluem mais de 850 cidades. Os parâmetros a ter em consideração são:
- as emissões;
- as vulnerabilidades relacionadas com o clima;
- as ações para reduzir as emissões;
- a adaptação aos riscos.
Depois de avaliados todos estes parâmetros, as cidades são classificadas de “A” a “D” com base na integridade e qualidade de seus dados e no nível de ação executada. Para obter a classificação A, as cidades devem:
- ter um inventário de emissões de toda a cidade;
- definir uma meta de redução de emissões;
- publicar um plano de ação climática;
- concluir um plano climático de adaptação climática para demonstrar como lidará com os riscos climáticos agora e no futuro.
A análise de todos estes parâmetros mostrou que, em média, as cidades da “Lista A” estão a realizar três vezes mais ações climáticas do que as cidades que não pertencem a essa lista. Ou seja, isso representa cinco vezes mais ações para reduzir as emissões e conter o aquecimento global e duas vezes mais ações de adaptação aos riscos climáticos atuais, desde inundações a ondas de calor extremas.
Lisboa, por exemplo, aparece na lista A porque reduziu as emissões em 50% entre 2002 e 2014 e também porque o Plano Diretor Municipal inclui um plano de hortas urbanas que aumentará as zonas verdes em quase 20%. A cidade irá construir 75 km de novos corredores “bus” e 92 quilómetros de percursos pedestres. Guimarães e Sintra, também estão consideradas na “classe A” desta lista.
Na lista A, um terço das cidades são europeias e para além das cidades portuguesas, estão também cidades como Berlim, Barcelona e Paris.
Kyra Appleby, diretora para a área das cidades, estados e regiões do CDP, afirma que “a ciência do clima não deixa dúvidas, as emissões globais (de gases com efeito de estufa) têm de ser reduzidas até 2030 para limitar os efeitos da crise climática global. As cidades têm um papel crucial para enfrentar esse desafio, cobrindo apenas 2% da superfície da Terra são a fonte de 70% das emissões”. Acrescenta dizendo que “estas 105 cidades estão a dar um bom exemplo a nível de transparência e ação climática”.
Bons exemplos espalhados pelo mundo
Pelo mundo, algumas das cidades classificadas na classe A estão por exemplo:
1) Manchester, no Reino Unido, que está a agir para ser neutra em carbono em 2038, uma meta que exige reduções anuais de emissões de 15%;
2) A região eThekwini, na África do Sul, quer que 40% do consumo de eletricidade seja atendido pelas energias renováveis até 2030. Além disso, a cidade pretende aprovar um estatuto que exige que os edifícios sejam modernizados com tecnologias de eficiência energética até 2030 e que todos os novos edifícios tenham carbono zero líquido até 2030.
3) Petaling Jaya, na Malásia, lançou em 2011 um sistema de avaliação de imposto de baixo carbono que oferece descontos fiscais para residentes que adotam medidas de modernização de edifícios com baixo carbono e fazem escolhas de estilo de vida mais sustentáveis, com por exemplo: aquisição de veículos híbridos/elétricos. Desde a sua criação, o projeto alcançou reduções de emissões estimadas de 200tCO2 por ano.
4) Fayetteville, nos EUA comprometeu-se a converter todas as instalações em 100% de energia renovável até 2030 e a reduzir as emissões em 40% em 2030 e 80% em 2050.
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Fontes: Observador, CDP