Portugal está em 4.º lugar entre os países europeus com mais espécies em risco de extinção, segundo a última Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, da International Union for the Conservation of Nature (IUCN), divulgada em Cancún (México), durante a COP – Conference of the Parties, no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica, que decorreu em Dezembro de 2016.
A Lista Vermelha da IUCN é o inventário mais abrangente do mundo sobre o estatuto de conservação global de espécies de plantas e animais. Esta lista é baseada num sistema objetivo de avaliação do risco de extinção de uma espécie, caso não sejam tomadas quaisquer medidas de conservação. Começou a ser desenvolvido em 1964, funcionando como um indicador da saúde da biodiversidade mundial. Todos os anos a IUCN fornece informação e analisa o estatuto, tendências e ameaças às espécies, para incentivar a conservação da biodiversidade.
Em 2016 a Lista Vermelha avaliou um total de 85.604 espécies de animais, plantas e fungos. O grande objetivo é chegar às 160.000 em 2020. Este número parece grande, no entanto, se pensarmos que há hoje 1.736.081 espécies descritas pela Ciência, o número de espécies avaliado é na realidade bastante pequeno. Em 2016 a Lista Vermelha avaliou apenas 5%, sendo que pelo menos 24.307 são espécies ameaçadas e 5.210 estão criticamente Ameaçadas de extinção.
Icónica girafa (Giraffa camelopardalis) classificada como espécie em extinção
Um dos exemplos realçados pelo IUCN é a girafa (Giraffa camelopardalis). O animal terrestre mais alto está agora ameaçado de extinção. Esta espécie tinha uma avaliação de pouco preocupante passando em 2016 para vulnerável, com um dramático declínio de 36% a 40%. Em 1985 existiam entre 151.000 e 163.000 girafas, mas em 2005 eram apenas 97.562. “O aumento da população humana está a ter um impacto negativo em muitas subpopulações de girafas. A caça ilegal, a perda de habitat e alterações por causa da agricultura e atividade mineira e conflitos civis estão a empurrar a espécie para a extinção”, descreve a IUCN.
Das 9 subespécies de girafas, três têm populações a crescer, uma está estável e cinco estão a diminuir. Em Setembro, o Congresso Mundial para a Conservação adotou uma resolução que apela à ação para reverter o declínio das girafas.
Papagaio-cinzento-africano (Psittacus erithacus) classificado como espécie em extinção
Uma espécie que também está a preocupar a comunidade internacional é o papagaio – cinzento – africano (Psittacus erithacus). Esta classificação mostra como algumas das aves mais populares podem desaparecer da natureza. Esta espécie, nativa da África Central, é bastante apreciada pela sua capacidade de imitar a fala humana, no entanto, devido à perda de habitat e ao tráfico, esta espécie passou do estado vulnerável a ameaçada. Um estudo da Birdlife International descobriu que, em algumas regiões do continente africano, as populações deste papagaio registaram declínios de 99%.
Uma das novidades da Lista Vermelha de 2016 é a revisão taxonómica (classificação por grupos), das espécies de aves do planeta. Hoje sabe-se que existem, pelo menos, 11.121 espécies. Foram avaliadas 742 novas espécies de aves, muitas das quais eram consideradas até agora subespécies de outras espécies, sendo que 11% delas estão ameaçadas. Um exemplo é a carriça Thryophilus sernai, descoberta em Março de 2010 na Colômbia e descrita como nova espécie em 2012. Esta espécie entrou para a Lista como ameaçada, uma vez que mais de metade do seu habitat pode ser destruído por causa de algumas construções de barragens.
Treze das espécies de aves agora reconhecidas entram para a Lista como Extintas. Várias desapareceram nos últimos 50 anos, especialmente em ilhas como as Galápagos e Bermuda. Ian Burfield, coordenador para a Ciência mundial na Birdlife, afirma que “À medida que aprofundamos o nosso conhecimento, as nossas preocupações confirmam-se: a agricultura não sustentável, o abate de florestas, as espécies invasoras e outras ameaçadas, como o comércio ilegal, ainda estão a empurrar muitas espécies para a extinção.”
As Boas Notícias… Priôlo (Pyrrhula murina) dos Açores
Dentro do grupo das aves, e sendo uma boa notícia para Portugal, está o priôlo dos Açores. O priôlo (Pyrrhula murina) é uma ave com 30 gramas, cabeça, asas e cauda pretas e que só vive num cantinho montanhoso da ilha de São Miguel. Estima-se que atualmente existam 1.250 priôlos em todo o planeta, mas em 2003 eram apenas 400. Esta pequena ave açoriana passou do estatuto de ameaçada, que tinha em 2015, para apenas vulnerável em 2016. Segundo a IUCN, “a sua população recuperou do limiar da extinção, graças aos incansáveis esforços de conservação”. Actualmente está a decorrer o terceiro projecto de conservação da ave, LIFE Terras do Priôlo , que termina em 2018.
Esta espécie é um dos exemplos das boas notícias de 2016 na Lista Vermelha da IUCN, mas não é a única, depois de terem sido feitos vários esforços de conservação, a rola-Santa-Helena (Charadrius sanctaehelenae) e a felosa-de-olho-branco das Seychelles (Zosterops modestus), também são alguns dos bons exemplos de 2016.
Nesta nova listagem, os especialistas adicionaram também uma espécie marinha que se pensava extinto na década de 60 mas que, afinal, voltou a ser visto. Esta espécie é de Madagáscar.
Apesar das boas notícias para o Priôlo dos Açores, Portugal continua com algumas espécies classificadas como ameaçadas ou em risco de extinção, como são o caso, das espécies terrestres, Lince e lobo Ibérico, classificados com espécies em “perigo”. No grupo das espécies marinhas encontra-se o Saramugo, classificado como espécie “criticamente em perigo”, e ainda a borboleta Grande-branca-da -Madeira, também classificada como espécie “criticamente em perigo”. Segundo IUCN, esta borboleta pode até já estar extinta, uma vez que não é vista desde os anos 80.
Os efeitos das ações do homem no mundo animal, especialmente no que respeita à extinção em massa de várias espécies, quer pela destruição de muitos lugares selvagens que se tornam terras agrícolas, como pela poluição ou caça ilegal, farão com que cerca de dois terços de animais selvagens se extinga até 2020, segundo estudo.
Fontes: Wilder, Público, Observador
Imagem de destaque: Pixabay
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