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O que está a acontecer à Biodiversidade na Europa?

A biodiversidade engloba a variedade de genes, espécies e ecossistemas que constituem a vida no planeta. Assistimos atualmente a uma perda constante da biodiversidade com profundas consequências para o mundo natural e o bem-estar humano.

As principais causas são as alterações nos habitats naturais, resultantes dos sistemas intensivos de produção agrícola, da construção, da exploração de pedreiras, da sobrexploração das florestas, oceanos, rios, lagos e solos, da introdução de espécies alóctones invasivas, da poluição e cada vez mais, das alterações climáticas.

As aves, peixes, árvores, mamíferos, rios e florestas da Europa já estão a sentir os impactos das alterações climáticas. O relatório “Climate Change, impacts and vulnerability in Europe 2016” mostra o que está a acontecer, referindo que “as alterações climáticas observadas estão a afetar a Europa” a vários níveis, na economia, na saúde e bem-estar das pessoas e a biodiversidade não é exceção.

Climate change, impacts and vulnerability in Europe 2016

Este relatório consiste numa avaliação baseada em indicadores de alterações climáticas passadas e previstas e os seus impactos nos ecossistemas e na sociedade. Também analisa a vulnerabilidade da sociedade a esses impactos e ao desenvolvimento de políticas de adaptação.

Elaborado pela Agência Europeia do Ambiente em colaboração com oCentro Comum de Investigação, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, o Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para a Europa e três Centros Temáticos Europeus, o relatório Climate Change, impacts and vulnerability in Europe 2016″ é publicado de quatro em quatro anos e em janeiro de 2017 foi publicada a 4º edição, desde a sua publicação.

As conclusões deste relatório destinam-se a apoiar o processo de implementação e revisão da Estratégia de Adaptação da UE e o desenvolvimento de estratégias e planos de adaptação nacionais e internacionais.

O relatório avalia as últimas tendências e previsões sobre as alterações climáticas e os seus impactes em toda a Europa. Revela que as regiões da Europa enfrentam já o aumento do nível do mar e condições meteorológicas mais extremas, como ondas de calor mais frequentes e mais intensas, inundações, secas e tempestades. Afirmando também que são essenciais melhores e mais flexíveis estratégias, políticas e medidas de adaptação, de forma a atenuar estes impactes.

Biodiversidade na europa

A maioria dos impactes são adversos e embora todas as regiões europeias sejam vulneráveis às alterações climáticas, algumas sofrerão impactes mais negativos do que outras, especialmente na Europa do sul e sudeste. O relatório refere que esta região regista já grandes aumentos do calor extremo e diminuição da precipitação e dos caudais dos rios, aumentando assim, o risco de secas mais severas, menores rendimentos de culturas, perda de biodiversidade e incêndios florestais.

O relatório também afirma que continuam a ser estabelecidos novos recordes de temperaturas globais e europeias, de níveis do mar e de redução de gelo marinho no Ártico. Os padrões de precipitação estão a mudar, tornando em geral as regiões húmidas da Europa mais húmidas e as secas mais secas. O volume e a cobertura de neve dos glaciares também estão a sofrer extremas alterações, com a contínua e perigosa diminuição.

As áreas costeiras e planícies aluviais na parte ocidental da Europa são também vistas como regiões críticas, uma vez que enfrentam maior risco de inundações devido ao aumento do nível do mar e a um possível aumento de sobre-elevações do nível do mar.

“As alterações climáticas vieram para ficar durante muitas décadas”, comentou Hans Bruyninckx, director executivo da AEA, referindo ainda que “a escala das alterações climáticas futuras e dos seus impactes dependerá muito das adequadas estratégias e políticas de adaptação a fim de reduzir os riscos das situações climáticas extremas atuais e previstas”.

Alterações nos ecossistemas terrestres

Atualmente os ecossistemas terrestres e as áreas protegidas em toda a Europa estão sob pressão das alterações climáticas e de outros fatores de stresse, como alterações na utilização dos solos. Segundo o relatório, 14% dos habitats e 13% das espécies com interesse europeu estão sob pressão por causa das alterações climáticas. E a proporção de habitats ameaçados pelas alterações climáticas deverá duplicar no futuro.

Muitas animais e plantas estão a mudar os seus ciclos de vida. Alguns exemplos claros deparam-se com o facto de a Primavera está a chegar mais cedo e muitas espécies de plantas adiantam a produção de pólen (em média 10 dias mais cedo do que acontecia em anos anteriores), os sapos estão a colocar ovos mais cedo, as aves começam a nidificar mais cedo e a chegada de aves e borboletas migradoras também acontece mais cedo.

Além disso, são muitas as espécies que alteraram os seus percursos migratórios, geralmente para norte e em altitude, procurando condições para sobreviver. O problema é que “o ritmo das alterações climáticas está a exceder a capacidade que muitas espécies têm de migrar, especialmente em paisagens fragmentadas que lhes restringem os movimentos”. O relatório salienta que já foram registadas extinções locais de espécies. “Tudo isto pode levar a um declínio e homogeneização da biodiversidade europeia, especialmente nas montanhas”, acrescenta o relatório. Um estudo com 150 espécies de plantas das montanhas nos Alpes europeus previu reduções entre 44 e 50% nas suas áreas de ocorrência no final do século XXI.

A capacidade limitada de dispersão de muitos répteis, anfíbios e borboletas, aliada à fragmentação dos habitats, levará a uma redução e isolamento dos territórios de muitas dessas espécies.

Os mamíferos também não estão a salvo. O relatório cita um estudo com 120 espécies de mamíferos terrestres nativos da Europa, segundo o qual 1% a 5 ou 9% dos mamíferos europeus estão ameaçados com risco de extinção.

As alterações climáticas estão também a afetar a interação das espécies que dependem umas das outras, especialmente plantas e polinizadores.

Alterações nos ecossistemas Marinhos

Também foram observadas várias alterações no que diz respeito aos ecossistemas marítimos. As águas marinhas estão com maiores níveis de acidificação, o que traz graves impactos nos organismos marinhos. Nas últimas décadas, este fenómeno tem vindo a acontecer 100 vezes mais depressa do que nos últimos 55 milhões de anos. Por outro lado, a temperatura média da água do mar tem vindo a aumentar, provocando alterações na distribuição das espécies marinhas que correm cada vez mais em direção aos polos e à profundidade dos oceanos. “Todos os mares europeus aqueceram consideravelmente desde 1870 e o aquecimento tem sido particularmente rápido desde esse ano”, segundo o relatório. De referir por exemplo que as espécies sub-tropicais estão a aparecer com maior frequência nas águas europeias e as espécies sub-árcticas estão a retroceder para norte.

Os rios também estão a sentir o peso das alterações do clima, com mudanças nos seus caudais tanto no Inverno como no Verão, verificando-se também alterações nas temperaturas da água, o que facilita a invasão de espécies exóticas, alterando a distribuição das espécies e aumentando a deterioração da qualidade da água. Segundo o relatório, prevê-se que a temperatura média dos maiores rios europeus aumente entre 1,6 e 2,1ºC durante o século XXI.

Todas as alterações verificadas nos ecossistemas afetam também vários setores económicos como a agricultura, a silvicultura e a pesca. A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável analisou o relatório e pede uma “Ação rápida na mitigação e adaptação”. A associação pede especialmente o avanço do Roteiro Nacional de Carbono Neutro para 2050 e a aplicação de iniciativas locais e nacionais no âmbito da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas.

Em maio de 2011, a Comissão Europeia adotou uma nova Estratégia de Biodiversidade que estabeleceu o quadro de ação da UE para os próximos dez anos, com vista a atingir o objetivo central para 2020 em matéria de biodiversidade.

O Relatório da Revisão Intercalar da Estratégia de Biodiversidade para 2020, salienta que ainda muito precisa de ser feito no terreno, para as políticas da UE serem traduzidas em ação. Mais de três quartos dos habitats naturais importantes da UE estão agora em estado desfavorável, e muitas espécies estão ameaçadas de extinção.

Fontes: Wilder, EEA, EC.europa

Foto de destaque: Pixabay

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