No inicio do ano, com a publicação do Despacho n.º 1392/2025, de 30 de janeiro, o Gabinete da Ministra do Ambiente e Energia determinou a elaboração do Programa Alcateia 2025-2035 ― Conservação da população de Lobo-Ibérico em Portugal.
Atualmente o Plano de Conservação e Recuperação do Lobo-Ibérico até 2035 encontra-se em consulta pública para a aprovação das novas medidas. O objetivo central até 2035, consiste em alcançar o estado de conservação favorável do lobo-ibérico em Portugal invertendo a tendência de regressão populacional.
O lobo-ibérico (Canis lupus signatus) é uma espécie que ocorre apenas na Península-ibérica e encontra-se atualmente “Em Perigo de Extinção”.
Está legalmente protegido em Portugal desde 1988, ao abrigo da Lei n.º 90/88, de 13 de agosto. Esta proteção foi reforçada e atualizada pelo Decreto-Lei n.º 54/2016, de 25 de agosto, alterado pelo Decreto-Lei n.º 53/2022, de 12 de agosto e, mais recentemente, pelo Decreto-Lei nº 64/2025, de 10 de abril, que atualizou os princípios da proteção e conservação da espécie.
Em 2017, a publicação do Plano de Ação para a Conservação do Lobo-Ibérico (PACLobo), tinha já definido medidas específicas para garantir um estado de conservação favorável desta espécie. Este plano envolveu múltiplas entidades, através de projetos de conservação, investigação e monitorização. Entre os avanços alcançados destacam-se o aumento do conhecimento sobre a espécie, a implementação de apoios financeiros aos criadores de gado via Política Agrícola Comum (PAC) para prevenir prejuízos e o reforço da cooperação institucional.
Apesar destes progressos, o Censo Nacional de Lobo 2019/2021 revelou uma evolução negativa face ao censo de 2002/2003. Nos últimos 20 anos, a área de distribuição da espécie diminuiu cerca de 20%, de 20 000 km² para 16 000 km². O número de alcateias também recuou ligeiramente, de 63 para 58.
As medidas de conservação implementadas enfatizaram a necessidade da sua continuidade e reforço para alcançar o estado de conservação favorável do lobo, sendo nesse contexto que surge o Programa Alcateia 2025-2035.
Principais fatores que comprometem a conservação do lobo-ibérico em Portugal
A conservação do lobo em Portugal é fortemente afetada pela mortalidade causada pela ação humana, responsável, em várias regiões, pelo desaparecimento da espécie e/ou alcateias. Dados do Sistema de Monitorização de Lobos Mortos (ICNF) apontam o atropelamento como a principal causa de morte, seguido por laços, disparos e envenenamento.
A construção de infraestruturas de comunicação e produção de energia são também uma das principais causas da degradação das condições de conservação do lobo em Portugal. Essas infraestruturas degradam e fragmentam o habitat natural, além de aumentarem a perturbação e a acessibilidade a áreas que antes eram isoladas.
Outros fatores de ameaça incluem:
Práticas inadequadas de gestão florestal e cinegética, como a abertura de faixas de proteção contra incêndios e o controlo de espécies de caça maior em períodos sensíveis para o lobo, como a época de reprodução.
Aumento do turismo em áreas remotas, o que leva a uma maior perturbação e acessibilidade, degradando a qualidade do habitat do lobo.
Programa Alcateia 2025-2035
A coordenação do Programa Alcateia é da responsabilidade do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). As medidas identificadas neste plano visam garantir as condições necessárias à persistência do lobo em toda a área onde ainda ocorre e a promover a sua recuperação em outras áreas. Os principios orientadores são:
Preservação e recuperação de habitat: Manter e recuperar habitats adequados ao refúgio e reprodução do lobo, incluindo áreas de desaparecimento recente e de potencial expansão.
Proteção de locais de reprodução: Proteger locais de reprodução ativos ou inativos, eliminando fatores de perturbação.
Fomento de presas selvagens: Promover a presença e viabilidade das espécies presas do lobo, especialmente o corço, através da conservação e recuperação do seu habitat e da mitigação de causas de mortalidade não natural.
Corredores ecológicos: Restaurar e conservar corredores ecológicos, reforçando a ligação entre núcleos populacionais em Portugal e Espanha.
Permeabilidade da paisagem: Adaptar e gerir infraestruturas como estradas, barragens e canais de rega para facilitar a circulação do lobo e das suas presas.
Redução de conflitos com a pecuária: Reduzir conflitos com a pecuária, melhorando compensações e proteção dos rebanhos.
Sensibilização e fiscalização: Reforçar campanhas de consciencialização, vigilância e controlo para prevenir atividades ilegais como armadilhas e envenenamento.
Valorização cultural e económica: Valorizar cultural e economicamente o lobo em benefício das comunidades locais.
Cooperação transfronteiriça: Colaborar com Espanha na implementação de medidas conjuntas que favoreçam a conectividade e a conservação da espécie.
A NOCTULA – Consultores em Ambiente realiza várias monitorizações ambientais, nomeadamente Monitorização de Sistemas Ecológicos:
- Fito e Zooplâncton
- Flora, Vegetação e Habitats
- Invertebrados
- Herpetofauna (anfíbios e répteis)
- Aves
- Mamíferos voadores – quirópteros (morcegos)
- Mamíferos terrestres
- Mamíferos marinhos
Trabalhos coordenados pela nossa equipa:
Monitorização do Lobo-Ibérico – Reequipamento do Parque Eólico
Plano de Monitorização do Lobo-Ibérico – Central Solar Fotovoltaica
Monitorização do Lobo-Ibérico – Central Solar Fotovoltaica (Fase de Exploração)
Caso necessite de algum serviço na área da Monitorização de Sistemas Ecológicos, não hesite em contactar-nos.
Fonte: ICNF