Segundo a International Union for the Conservation of Nature (IUCN), Portugal está em 4.º lugar entre os países europeus com mais espécies em risco de extinção.
Os dados divulgados pelo IUCN indicam que Portugal continua com algumas espécies classificadas como ameaçadas ou em risco de extinção, como são o caso, das espécies terrestres, Lince e lobo Ibérico, classificados como espécies em “perigo”. No grupo das espécies marinhas encontra-se o Saramugo, classificado como espécie “criticamente em perigo”.
Quais são as espécies verdadeiramente em perigo de sobrevivência em Portugal?
São 175 as espécies ameaçadas de extinção no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, publicado em 2005. Passados 12 anos, como está a vida selvagem portuguesa?
Uma espécie só é declarada extinta quando não há registo, na natureza, nos últimos 50 anos. As 175 espécies ameaçadas de extinção, estão classificadas em 3 categorias de Ameaça: Criticamente Em Perigo, Em Perigo e Vulnerável. Dessas 175, há 22 espécies de peixes, 2 anfíbios, 9 répteis, 111 aves e 31 mamíferos.
Lobo-ibérico – Classificado como espécie em Perigo de Extinção
Hoje em dia não se sabe ao certo quantos Lobos-Ibéricos (Canis lupus signatus) vivem em Portugal. O mais recente censo nacional, de 2002/2003, identificou 63 alcateias no Norte e Centro do país, correspondendo a 220 e 430 animais. No entanto, estudos compilados entre 2003 e 2014 contabilizaram a existência de cerca de 47 alcateias.
A história deste predador de topo é feita de constante perseguição ao longo de milhares de anos, acabando por culminar no risco de extinção. A situação desta espécie, tem vindo a agravar-se devido à diminuição das suas presas naturais. Quanto mais se pratica a caça, menos alimento têm os lobos e com a escassez de alimento natural, os lobos recorrem à perseguição de gado, provocando assim, o descontentamento dos criadores. Como forma de resolver o problema, os criadores acabam por perseguir e proceder ao abate ilegal.
Nas últimas décadas foram tomadas medidas para preservar o lobo-ibérico e em 1988 passou a ser uma espécie protegida por lei em Portugal. Em 2005 foi classificado com o estatuto de Em Perigo pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.
Apesar dos vários esforços e da implementação de medidas de proteção e conservação, os resultados não são imediatos, porque “a conservação de uma espécie leva tempo e eliminar os fatores de ameaça não é fácil”, como afirma Francisco Petrucci-Fonseca, presidente do Grupo Lobo.
Apesar do crescimento deste predador no Centro do país ter estagnado, Francisco Petrucci-Fonseca adianta que “no Gerês e em Montesinho a situação está estável, tal como entre o Douro e o Tejo, em que o número de lobos aumentou, vindos de Espanha para Portugal”. Os casos mais preocupantes são “a zona de Vila Real e Chaves, em que o número de lobos, infelizmente, continua a decrescer”.
Lobo Ibérico Canis lupus signatus | Fonte: www.flickr.com
Lince-Ibérico – Classificado como espécie Perigo de extinção
O lince-ibérico (Lynx pardinus) é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015, como espécie em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela UICN – Criticamente em Perigo.
Estima-se que esta espécie viva na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos. A população mundial deste felino é hoje de 440 indíviduos, distribuídos por Portugal e pelas províncias espanholas da Andaluzia, Extremadura e Castela-La Mancha, segundo o censo à espécie relativo a 2016.
Segundo Eduardo Santos, da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), o desaparecimento do lince na natureza deve-se, principalmente, ao “declínio das populações de coelho-bravo, base da sua dieta alimentar, agravado pela perda de habitat e a sua contínua desfragmentação (fruto da construção de infraestruturas) e pela perseguição direta.” A ameaça ao Lince que mais abrandou foi a “perseguição direta”, em contrapartida, permanece a questão do habitat, muito reduzido e fragmentado. O atropelamento é também uma das ameaças à extinção desta espécie.
Apesar das dificuldades de recuperação do lince, existe atualmente um maior esforço e investimento na conservação desta espécie, principalmente, ao nível da reprodução em cativeiro e da libertação tanto do lince, como do Coelho-bravo. A maior gestão dos habitats do coelho é uma das principais medidas para preservar o Lince-ibérico.
Águia-imperial-ibérica – Classificada como espécie Criticamente Em Perigo
A Águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), uma das aves de rapina mais raras do mundo, esteve extinta em Portugal enquanto reprodutora durante mais de 20 anos, até que em 2003 voltou a procriar.
Em Portugal, através do projeto LIFE Imperial há uma equipa de especialista a trabalhar para aumentar a população desta espécie no país.
A águia-imperial-ibérica perdeu território em Portugal, “essencialmente, por causa da redução das populações presa, como o coelho-bravo, resultado da caça e dos surtos de doenças contagiosas”, refere Rita Alcazar, bióloga e a responsável pela supervisão geral do LIFE Imperial.
No entanto, esta espécie sensível que não tolera a aproximação, foi também afetada pela perturbação e destruição de habitat, praticada pelo homem e ainda devido à mortes por envenenamento.
As principais ameaças mantêm-se, no entanto, como é uma ave do qual não se tinha registos no país durante cerca de 30 anos e, posteriormente regressou, os especialistas estão otimista quanto ao futuro desta espécie.
Águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) | Fonte: www.flickr.com
Abutre-preto – Classificado como espécie Criticamente Em Perigo
Podemos encontrar Abutres-pretos (Aegypius monachus) no Leste e no Centro Sul do território continental português, ao longo da região fronteiriça da Beira Baixa e do Baixo Alentejo, sendo também um visitante esporádico na zona do Douro Internacional.
As espécies predadoras e necrófagas sofreram um grande declínio devido à diminuição de presas silvestres, que foram desaparecendo por causa da perseguição direta, envenenamento ilegal e perda de habitat.
Os abutres são considerados “aves oportunistas” e apesar da diminuição de espécies em território português, este abutre acabou por se adaptar ao ambiente de escassez e optou por outras alternativas alimentares, acabando por se alimentar de carcaças de gado, como ovelhas e cabras.
Para além da falta de alimento, a principal causa para a diminuição do abutre nas ultimas décadas, foi a perseguição, através do uso de venenos, na altura legais. Um dos primeiros passos na preservação dos abutres foi a ilegalização destes métodos”, afirma Eduardo Santos, da LPN.
No entanto, pela primeira vez em mais de 40 anos, estes animais procriaram com sucesso na zona do Alentejo, devido à implementação de medidas e protocolos de proteção em locais que permitiram fixar os animais.
Em 2010, quatro indivíduos de colónias de abutre-preto espanholas atravessaram a fronteira e reproduziram, com sucesso, em Portugal. “Esse pequeno núcleo tem vindo a aumentar e somam-se agora aproximadamente 13 casais nessa mesma zona fronteiriça”, confirma Eduardo Santos.
No final da década de 1970, o abutre preto estava reduzido a poucas centenas de indivíduos, no entanto, atualmente estima-se que, entre Portugal e Espanha, ultrapasse os dois mil casais.
Saramugo – Classificado como espécie Criticamente Em Perigo
O saramugo (Anaecypris hispanica) é um peixe pequeno, que raramente ultrapassa os 7 centímetros. Vive num dos mais importantes locais para a biodiversidade de peixes de água doce da Europa, a Península Ibérica. É uma das espécies mais ameaçadas deste grupo e tem vindo a desaparecer da Bacia do rio Guadiana, no Alentejo, nos últimos 40 anos.
Segundo Rita Alcazar, responsável pela supervisão geral do projeto LIFE Saramugo, as dimensões reduzidas do saramugo, tornam-no “vulnerável a peixes exóticos invasores, que competem pelo território e por alimentação”, como por exemplo: o achigã, o lúcio e da perca-sol.
Além da predação, a poluição, a construção de grandes barragens e a exploração de recursos hídricos também têm contribuído muito negativamente para a vida desta espécie.
O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tem criado uma reserva de peixes em cativeiro para garantir que, caso a espécie desapareça na natureza, exista a salvaguarda em cativeiro e dessa forma, possa ser recolocada na natureza.
Saramugo (Anaecypris hispanica) | Fonte: LIFE Saramugo – Foto de Carlos Carrapato
Fonte: Wilder
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- Monitorização de Aves, Mamíferos terrestres, marinhos e voadores;
- Fito e Zooplâncton;
- Invertebrados, Herpetofauna (anfíbios e répteis);
- Monitorização de Flora, Vegetação e Habitats.
Dois dos muitos trabalhos realizados pela NOCTULA nesta área são, nomeadamente: Monitorização de Tartaranhão-caçador no parque eólico de Negrelo e Guilhado e Atividade e mortalidade de Aves e Quirópteros – Parque Eólico Testos II.
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