Portugal assistiu nas últimas décadas a um grande desenvolvimento da exploração de energia eólica. Não entanto, a instalação de um Parque Eólico é suscetível de gerar impactes ambientais negativos que devem ser minimizados ou eliminados.
Principais impactes ambientais associados à construção de um Parque Eólico:
- Mortalidade de aves e de morcegos, causada por colisão com as pás dos aerogeradores ou outras estruturas associadas.
- Efeito de barreira causado pelos aerogeradores sobre as diversas espécies de aves (principalmente aves de rapina e grandes planadoras) e morcegos.
- Alteração e perda de habitat causados pela instalação do parque eólico e estruturas a ele associadas.
No caso específico dos mamíferos e particularmente espécies como o Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) ou o Corço (Capreolus capreolus), os potenciais impactes poderão ocorrer sobretudo durante as fases de instalação das infraestruturas e ao longo do período de exploração. Nestes períodos, as alterações provocadas no habitat, a mais regular presença humana e a atividade das máquinas instaladas poderão alterar os padrões de utilização da área e provocar alterações nos padrões de reprodução das populações que ocorrem nas imediações do local.
Com o objetivo de minimizar os potenciais impactes relativos à instalação dos parques eólicos (Seixinhos, Teixeiró, Penedo Ruivo e Mafômedes), localizados na serra do Marão, a NOCTULA – Consultores em Ambiente é responsável pela implementação de medidas compensatórias inscritas na Declaração de Impacte Ambiental de cada um dos parques, de forma a dar seguimento aos Planos de Gestão e Monitorização das espécies (atualmente m vigor): Coelho-bravo, Corço e Lobo-Ibérico.
Planos de Gestão e Monitorização – Espécies Alvo
– Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus)
O Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus) desempenha um papel preponderante nos ecossistemas mediterrânicos, por constituir a presa base de um amplo espetro de predadores, sendo a presa principal de espécies em perigo de extinção, como o Lince-ibérico (Lynx pardinus) e a Águia-real (Aquila chrysaetos).
A qualidade do habitat, principalmente a disponibilidade de alimento e abrigo, é um dos fatores que exerce maior influência na distribuição e sobrevivência das populações de Coelho-bravo.
Na Península Ibérica, as populações de Coelho-bravo têm sofrido um declínio acentuado nas últimas décadas, devido à atuação de fatores como a fragmentação do habitat, a pressão cinegética excessiva ou a incidência de doenças virais. A conjugação destes e outros fatores levou a um forte declínio das populações desta espécie.
Ao contrário do que acontece no resto da Europa, em Portugal, a expansão desta espécie é bastante limitada devido sobretudo à incorreta gestão das suas populações e à forte fragmentação dos habitats.
Entre as espécies selvagens, o Corço representa uma das principais presas do Lobo-ibérico (Canis lupus signatus). Vários autores associam o decréscimo populacional de Lobo-Ibérico à diminuição acentuada das espécies-presa, principalmente de espécies selvagens. Assim, do ponto de vista ecológico, esta espécie assume um papel fundamental na dinâmica populacional das populações de Lobo-Ibérico.
Gestão de habitats – Metodologias
- No caso do Coelho-bravo como medida de gestão do habitat a equipa da NOCTULA procedeu à criação de pastagens, com o objetivo de disponibilizar uma maior área de alimentação, e ainda, execução de abrigos artificiais (maroços) de modo a possibilitar que o Coelho-bravo os possa utilizar como abrigo ou locais de reprodução.
- Para o Corço, as medidas de gestão de habitat passaram pela criação de corredores ecológicos através da reflorestação, no sentido de promover a interligação das manchas florestadas. Esta intervenção permite que os indivíduos da espécie se possam movimentar, facilitando a expansão dos seus territórios. No sentido de aumentar a quantidade de alimento disponível e a área de alimentação, foram implementadas ainda medidas de maneio do habitat (criação de pastagens).
Os trabalhos de monitorização e gestão de habitat destas espécies, têm como objetivo a recuperação da área envolvente dos parques eólicos, permitindo criar condições tanto para estas espécies, como a longo prazo, criar igualmente condições para a recolonização desta Serra por parte do Lobo-Ibérico.
A NOCTULA – Consultores em Ambiente realiza várias monitorizações ambientais, nomeadamente Monitorização de Sistemas Ecológicos:
- Fito e Zooplâncton
- Flora, Vegetação e Habitats
- Invertebrados
- Herpetofauna (anfíbios e répteis)
- Aves
- Mamíferos voadores – quirópteros (morcegos)
- Mamíferos terrestres
- Mamíferos marinhos
Para além da monitorização de Sistemas Ecológicos, a NOCTULA apoia na elaboração e implementação:
- planos de gestão para espécies específicas de fauna e flora;
- medidas de minimização e compensatórias de impactes sobre as mesmas.
Trabalhos coordenados pela nossa equipa:
- Plano de Monitorização dirigido à espécie Murbeckiella sousae na área dos parques eólicos de Seixinhos e Penedo Ruivo (Serra do Marão);
- Monitorização da Mortalidade de Aves e Quirópteros (morcegos) no parque eólico da Serra d’el Rei;
- Inventariação e cartografia de manchas de Espécies Exóticas Invasoras no Aproveitamento Hidroelétrico do Mel;
Monitorização de Flora RELAPE, Avifauna e Quirópteros no Parque Eólico do Guardão e Linha de Transporte de Energia;
Flora e Vegetação (Situação de Referência) – Parque Eólico Fonte da Mesa.
Caso necessite de algum serviço na área da Monitorização de Sistemas Ecológicos, não hesite em contactar-nos.