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O que fazer aos painéis solares fotovoltaicos em fim de vida?

Com a evolução crescente do setor da energia solar que se tem feito sentir nos últimos anos, encontrar uma solução sustentável e circular para os painéis envelhecidos é nos dias de hoje de primordial importância.

A Agência Internacional de Energia Renovável estima que até 2050 existam cerca de 60 a 78 milhões de toneladas de resíduos de painéis fotovoltaicos em todo o mundo. 

Os painéis solares têm uma duração estimada entre 25 a 30 anos. Alguns estudos indicam que painéis de alta qualidade possam chegar aos 40 anos embora com um decréscimo na eficiência. Este cenário indica que muitos dos primeiros painéis solares construídos, estão a terminar o seu ciclo de vida e muito em breve haverá com certeza uma enorme necessidade de proceder à reciclagem sustentável destes resíduos.

O que fazer a todos estes resíduos obsoletos?

Segundo o estudo “End of-Life Management: Solar Photovoltaic Panels“, o enorme fluxo de materiais que ficarão disponíveis, poderão ser utilizados para aumentar o stock para futuros painéis solares (cerca de 2 mil milhões de novos painéis) ou serem vendidos para outros mercados e produtos que dependam destes.

Para além dos benefícios ambientais, a reciclagem de painéis solares fotovoltaicos criará também mais oportunidades de emprego verde. Esse influxo permitirá produzir bilhões de novos painéis sem a necessidade de investir em matérias-primas, o que significa que haverá a capacidade de produzir cerca de 630 GW de energia apenas a partir da reutilização de materiais usados anteriormente.

Bioprocessos para reciclar resíduos de painéis fotovoltaicos

Uma equipa de investigadores e alunos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) estão a desenvolver um projeto que visa criar um processo inovador de reciclagem de resíduos de painéis solares, um resíduo altamente tóxico para o ambiente, utilizando bactérias que captam os resíduos, permitindo a sua utilização em áreas como a Biomedicina e a Biotecnologia.

SUSTe – Development of SUStainable and integrative bioprocess for the recovery of TellurIum-based nanoparticles from photovoltaic wastes”  é um projeto que visa resolver uma questão ambiental que será um problema muito em: o que fazer com tantos painéis solares chegando ao fim de sua vida útil?

Esta solução utiliza um modelo de economia circular para dar uma segunda vida aos metais. A ideia consiste em utilizar o telúrio, um resíduo metal dos painéis fotovoltaicos e aumentar o seu potencial, por exemplo para uso biomédico. O processo consiste usar bactérias que acumulam o telúrio que estão nos resíduos dos painéis de película fina, para depois desenvolver uma plataforma integrada e sustentável que possa ser utilizada na indústria.

A equipa iniciou a caracterização das nanopartículas obtidas para serem testadas como biossensores ou noutras aplicações biomédicas. Numa próxima fase, a ideia é partir para compostos mais complexos dos painéis solares.

Primeira Central de Reciclagem de Painéis Solares 

A empresa de serviços ambientais Veolia, inaugurou em França, um Centro de Reciclagem de Painéis Solares, considerado “o primeiro centro inteiramente dedicado à reciclagem de painéis solares na Europa e possivelmente no mundo”, segundo o comunicado de Gilles Carsuzaa, chefe de reciclagem de eletrónicos da Veolia.

A empresa estabeleceu uma contrato com a PV Cycle France para reciclar cerca 4000 toneladas de painéis solares até ao final de 2022.

A empresa pretende reciclar todos os painéis solares em fim de vida na França e construir instalações similares em outros países.

A China e os EUA, como líderes no setor da energia solar, também terão necessidade de construir centrais de reciclagem para lidar com estes resíduos. Veja aqui quais são os países líderes em instalações solares e qual o volume de resíduos em fim de vida até 2050:

Fonte: IRENA

Enquadramento legal

Do ponto de vista legislativo, os resíduos de painéis fotovoltaicos estão integrados na classificação geral de resíduos. Existe uma única exceção a nível da União da Europeia, onde os painéis fotovoltaicos são definidos como lixo eletrónico na Diretiva de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos de Resíduos (WEEE). 

A UE foi a primeira a nível mundial a adotar leis específicas para os futuros resíduos de painéis solares. A diretiva europeia inclui objetivos específicos de recolha e reciclagem de painéis solares e obriga todos os fabricantes a cumprir requisitos legais específicos e normas de reciclagem, a fim de garantir que os painéis solares não se tornem um grande problema a nível ambiental.

Esta Diretiva introduziu a obrigação legal da reciclagem de painéis fotovoltaicos, em toda a Europa. Em Portugal, a transposição da diretiva para o quadro legislativo nacional atribuiu esta responsabilidade aos produtores deste tipo de equipamentos, a partir de 8 de Maio de 2014 (Decreto-Lei nº 67/2014, de 7 de Maio).

Fontes: Climate Action; UC; pt.dsisolar

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