A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), apresentou recentemente a nova revisão da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas e pediu “ação rápida” para combater a degradação dos ecossistemas.
A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (Red List) tem atualmente 112.432 espécies com diferentes níveis de ameaça. Porém, a organização sublinha que a lista integra apenas as espécies já registadas pelos cientistas e não todas aquelas que existem no planeta.
De acordo com UICN, os esforços de conservação trouxeram a melhorias ao estado de conservação de dez espécies (8 espécies de aves e 2 espécies de peixes de água doce), isso inclui a recuperação do Guam Rail (Hypotaenidia owstoni), um pássaro classificado anteriormente como “Extinto”, mas que graças a um longo programa de recuperação em cativeiro, melhorou o seu estatuto para “Criticamente em Perigo”.
No entanto, apesar de melhorias no estado de conservação de algumas espécies, a nova revisão à Lista Vermelha incluiu cerca de 1840 novas espécies ameaçadas de extinção, subindo o número total para 30.178 espécies, o que corresponde a aproximadamente 27% de todas as espécies avaliadas pela UICN.
Para o diretor geral da UICN, Grethel Aguilar, “esta atualização é uma pequena esperança no meio da crise da biodiversidade. Embora se tenha testemunhado o declínio de 73 espécies, as histórias por de trás das 10 melhorias provam que a natureza pode recuperar se lhe for dada uma oportunidade”.
Jane Smart, diretora global do Grupo de Conservação da Biodiversidade da UICN, afirma também que “os resultados de determinadas ações de conservação demonstram que, quando governos, organizações de conservação e comunidades locais trabalham juntas, é possível reverter a tendência de perda de biodiversidade”.
Dados globais da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN em 2019:
- Total de espécies avaliadas = 112.432
- Total de espécies ameaçadas = 30.178
- Extinto = 877
- Extinto em estado selvagem = 73
- Criticamente em perigo = 6.413
- Em perigo = 10.629
- Vulnerável = 13.136
- Quase ameaçado = 6,826
- Menor risco/dependente de conservação = 192 (esta é uma categoria antiga que está sendo gradualmente eliminada da Lista Vermelha da UICN)
- Menor preocupação = 57.931
- Dados com Deficiência = 16.355
Impactes das alterações climáticas na Fauna e Flora
A atualização da Lista Vermelha da UICN foi divulgada para coincidir com 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Em comunicado a UICN alertou para o facto das alterações climáticas representarem uma ameaça para os animais e as plantas selvagens, alterando habitats e aumentando a força e a frequência de eventos climáticos extremos. Como exemplo, a UICN refere os impactos sofridos pelos peixes fluviais da Austrália, em que 37% estão ameaçados de extinção, sendo que mais de metade destes, devido a alterações climáticas. A UICN dá ainda o exemplo dos eucaliptos, com 25% das espécies do mundo ameaçadas *(todas as espécies conhecidas de eucalipto em todo o mundo foram avaliadas nesta atualização da Lista Vermelha).
Em maio de 2019, um relatório divulgado pela plataforma Intergovernamental Científica e Política sobre a Biodiversidade e os Serviços Ecossistémicos (IPBES) listou os principais fatores da queda acentuada da biodiversidade. Como principais destaques o IPBES indicou:
- mudanças na utilização da terra (como a agricultura);
- a sobre-exploração (caça e pesca);
- as alterações climáticas;
- a poluição;
- as espécies invasoras.
Coelho-Europeu – De “Quase Ameaçado” para “Ameaçado de Extinção”
O coelho-europeu (Oryctolagus cuniculus) estava classificado como “Quase Ameaçado de Extinção” desde 2008, uma categoria que pressupõe que a espécie está próxima do limiar de ameaça ou ficará ameaçada caso não sejam tomadas medidas adicionais de conservação. Apesar de ter sido introduzido em vários países europeus, a sua situação no seu território natural (Espanha, Portugal e sul de França) agravou-se. Segundo a UICN, “um novo surto da doença hemorrágica viral dos coelhos causou declínios estimados da população que chegam aos 70%”.
O declínio da população de coelhos poderá ser problemático também para outras espécies ameaçadas, que se alimentam destes animais ou que deles dependem para se reproduzir. Em comunicado a UICN sublinha que o coelho-europeu “é uma presa essencial para o lince-ibérico (Lynx pardinus), classificado como “Ameaçado de Extinção” e para a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), classificada como “Vulnerável”. Esta águia é considerada “Criticamente em Perigo” no território português.
Coelho-Eurepeu (Oryctolagus cuniculus) – Fonte: Flickr
Pode ler também um destes artigos:
- Uma década depois, como está o Lince-Ibérico?
- Projeto LIFE que protege a Águia-Imperial Ibérica é prolongado até 2020
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- Mamíferos terrestres, marinhos e voadores;
- Fito e Zooplâncton;
- Invertebrados;
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Trabalhos coordenados pela NOCTULA:
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- Monitorização da Toupeira-de-Água com câmaras de “vídeo-armadilhagem”;
- Monitorização de Aves e Quirópteros – Sobreequipamento do Parque Eólico Pena Suar;
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