O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), apresentou recentemente o “Atlas Nacional do H2 Verde Sustentável”.
Este trabalho foi desenvolvido em colaboração com várias entidades públicas e privadas nacionais, com o objetivo de apoiar a rápida transição para a economia H2 em Portugal, apoiando também o processo de decisão quanto à localização de projetos de produção de hidrogénio verde, através da criação de uma base para visualização, que poderá representar a espacialização de projetos H2 à escala do território continental português.
Trata-se de uma iniciativa inovadora que combina informação georreferenciada no que respeita a:
(i) recursos necessários para alimentar os processos de produção de hidrogénio por eletrólise da água;
(ii) condicionantes de uso do solo para a implementação das unidades de produção de hidrogénio verde;
(iii) fatores que potenciam a comercialização do hidrogénio produzido.
Para a elaboração deste mapa, o LNEG, também teve em consideração um comunicado emitido a 8 de março pela União Europeia, sobre a recente situação de guerra na Ucrânia que levantou a questões como a dependência de gás da Rússia. Neste comunicado a UE realça uma vez mais a importância da descarbonização rápida e chama a atenção para a necessidade de se ter em atenção fatores importantes quando se pensa em projetos de energias renováveis e de hidrogénio verde, como por exemplo, as áreas do território que estão disponíveis para esta tipologia de projetos. A UE considera importante que os países membros encontrem áreas devidamente adequadas, tendo sempre presentes os valores de conservação da natureza.
Atlas Nacional do H2 Verde Sustentável
O Atlas Nacional do H2Verde Sustentável ilustra, através de um índice espacializado, o trabalho de mapeamento das melhores áreas para localização de unidades de produção de H2 em Portugal.
O desenvolvimento deste índice espacializado, traduz os vários fatores de decisão, que podem orientar um projeto para uma determinada área ou para outra. Ao pensar em produção de hidrogénio verde, o LNEG teve em consideração a informação base de três grandes indicadores:
Fontes de água a utilizar no processo de eletrólise:
- Massas de água superficial;
- Águas residuais de ETARs
- Água de rede pública;
- Água subterrânea;
- Água do mar;
- Sistemas de irrigação para fins múltiplos;
- Índice de escassez de água.
Fontes de energia
- Exposição solar;
- Recurso eólico onshore;
- Recurso eólico offshore;
- Eletricidade de bioenergia;
- Hidroeletricidade;
- Possibilidades de ligação à rede elétrica.
Mercado
– Quem é que vai consumir o hidrogénio verde? Localização de potenciais consumidores de:
- H2 no setor dos transportes;
- H2 no setor da indústria;
- H2 como matéria prima;
- Grandes emissores de Co2 (no futuro pode ser uma boa aposta combinar de Co2 capturado com H2 para produzir combustíveis sintéticos para alimentar os transportes);
– Pontos de injeção na rede de gás natural;
– Opções de transporte H2 (camião, comboio, naval…)
– Armazenamento subterrâneo H2: fator de decisão que pode ser importante no futuro, no sentido de se perceber onde é que existem condições para fazer armazenamento subterrâneo de hidrogénio (exemplo: cavernas de sal).
Condições de exclusão de localização de projetos
Quando se pensa na localização de uma determinado projeto, seja hidrogénio ou outra tipologia, deve-se ter em consideração diversos fatores. Para o processo de desenvolvimento do Atlas Nacional do H2 Verde Sustentável, o LNEG excluiu as classes de ocupação do solo onde as unidades de produção de H2 não poderão potencialmente ser localizadas, áreas com declives >30%, terrenos tecnicamente inadequados e áreas classificadas.
– Tipo de ocupação do solo “protegidos”
- Agriculturas e viveiros protegidos;
- Pomares;
- Olivar;
- Superfícies agroflorestais de sobreiros (SAF);
- Superfícies agroflorestais de azinheiras (SAF);
- Superfícies agroflorestais de Pinheiro manso (SAF);
- Superfícies agroflorestais de Pinheiro manso e azinheiras (SAF);
- Florestas de sobreiro;
- Florestas de azinheira;
- Florestas de outros carvalhos;
- Florestas de castanheiro;
- Outras florestas de folha caduca;
- Florestas de pinheiro manso.
– Declives (excluir encostas íngremes >30%).
– Terreno tecnicamente inadequado (ex: dunas, praia, salinas, minas, pedreiras, áreas urbanas, etc…)
– Regulamentação ambiental (áreas classificadas)
- Rede Nacional de Áreas protegidas;
- Rede Natura 2000;
- Reservas da biosfera (UNESCO).
NOTA: Nas condições de exclusão de localização de projetos de ocupação do solo, o LNEG não incluiu:
- Todas as servidões e restrições de utilidade pública;
- Áreas de RAN e REN;
- Condições de classificação do uso do solo nos planos territoriais (PDM);
- Zonas de perigosidade SEVESO;
- Zonas protegidas pela Diretiva do Quadro da Água;
- Sismicidade;
- Zonas de risco e inundação;
- Zonas geologicamente instáveis.
O Atlas Nacional do H2 Verde Sustentável não dispensa a análise detalhada dos projetos a localizar ao abrigo da legislação aplicável.
O Atlas Nacional do H2 Verde Sustentável encontra-se disponível no geoPortal do LNEG.
Fonte: LNEG
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