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Transição Energética & Investimento em Hidrogénio

Num contexto internacional de pandemia em que vários setores da economia atravessam graves problemas, há, contudo, uma área que continua a mostrar uma enorme vitalidade e a constituir-se como um forte cluster de investimento – Energias Renováveis – no qual se tem destacado recentemente, toda a cadeia de valor do Hidrogénio, em particular a produção de Hidrogénio Verde.

É certo que vamos ouvir falar muito de hidrogénio nos próximos anos, mas afinal o que é o hidrogénio? Porque se tem falado muito em produção de hidrogénio verde? Porque é que é verde? Como é que o hidrogénio pode ser utilizado e aplicado? 

Em Portugal, este tema também está na ordem do dia, exemplo disso, é o recente anuncio do ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, sobre o avanço de um leilão de Hidrogénio já no início de janeiro de 2022.

É esperado que as Energias Renováveis descarbonizem uma grande parte do consumo total de energia até 2050. Este é um dos grandes objetivos do “Green Deal” –  Pacto Ecológico Europeu, divulgado no final do ano de 2019, pela Comissão Europeia.

Mas para que a dependência de combustíveis fósseis diminua e a transição energética aconteça, terá de haver mudanças substanciais no sistemas energéticos. Por um lado, é necessário continuar a investir no desenvolvimento de tecnologias que potenciem a produção de energia verde, quer seja através da energia eólica, energia solar, energia hídrica, ou mesmo através de tecnologias que juntem várias fontes de produção de energia renovável, através dos chamados sistemas híbridos.  Por outro, é necessário apostar num combustível alternativo ao petróleo que seja renovável e não poluente. E é neste contexto que entra o Hidrogénio!

O que é o Hidrogénio verde?

O hidrogénio é dos elementos mais abundantes do Planeta Terra. Mas, apesar da sua abundância, raramente se encontra no seu estado isolado. Normalmente encontra-se combinado com outros elementos, como é o caso da molécula da água (H2O) que contém 2 átomos de hidrogénio. Deste modo, para se produzir hidrogénio é necessário separá-lo da outra molécula.

O Hidrogénio verde é o nome que se dá ao processo de produção de hidrogénio obtido pela eletrólise da água, ou seja, por efeito da passagem de uma corrente elétrica pela água, essa energia permite separar os átomos de oxigénio e de hidrogénio. Como este processo não necessita de combustíveis fósseis para a sua produção é considerado Hidrogénio verde.

A principal vantagem deste processo, consiste no facto de as reações químicas necessárias para reconverter hidrogénio em energia produzirem apenas água como produto final, ou seja, não há emissão de gases poluentes ou gases de efeito estufa.

Este é método “mais limpo” de obter hidrogénio e aquele que a União Europeia pretende investir a médio/longo prazo.

Fonte: Wood Mackenzie

Hoje em dia, mais de 90% do hidrogénio produzido no mundo resulta da reformação por vapor, o chamado hidrogénio cinzento. Na prática, passa por colocar gás natural, diesel ou carvão a altas temperaturas, num processo em que estes combustíveis vão reagir com o vapor de água e produzir hidrogénio. Este processo é altamente poluente. Segundo a IEA (Agência Internacional de Energia), a sua produção é responsável por cerca de 830 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano.

Hidrogénio – Um elemento fundamental para a transição energética

A tendência de médio/longo prazo tem como foco um aumento da percentagem do consumo total de energia por parte das renováveis e uma diminuição progressiva da percentagem atribuída a energias fósseis. 

O hidrogénio, como fonte renovável terá um grande potencial como combustível. Assim como as baterias, o hidrogénio terá extrema importância para o armazenamento e transporte da energia renovável.

Descrito pela IEA como um “portador de energia versátil”, o hidrogénio tem uma ampla gama de aplicações e pode ser usado em setores como: a indústria e o transporte, nomeadamente em comboios, aviões, automóveis e autocarros movidos a células de combustível de hidrogénio.

A visão estratégica Europeia prevê que a percentagem do consumo energético atribuída ao hidrogénio irá aumentar de 2% para 14% em 2050 (há estudos que indicam 24%).

Investimento em Hidrogénio Verde

As tecnologias atuais para o uso energético do hidrogénio, por não serem economicamente viáveis, ainda não conferem competitividade ao hidrogénio. Do ponto de vista comercial, atualmente também ainda não existe as infraestruturas para a sua produção, armazenamento, transporte, distribuição e consumo.

No entanto, tendo em consideração a importância da produção de hidrogénio verde para o futuro do planeta e para a concretização dos planos de transição energética estipulados pela UE, a Comissão Europeia já tem em andamento mecanismos de financiamento que permitem auxiliar os promotores no investimento de produção de Hidrogénio.

Através da “Hydrogen Initiative”, um documento já assinado por vários Estados- Membro, a Europa está a preparar-se para investir fortemente em subsídios que irão potenciar o investimento e crescimento do hidrogénio verde.

A Comissão Europeia também está igualmente a planear várias políticas legislativas, para implementar uma quota mínima de consumo de hidrogénio para determinados setores. Esta aposta no investimento irá contribuir para a redução de gases a efeito de estudo e será um fator chave para atingir uma economia com zero emissões de carbono. 

Embora o peso na matriz energética geral ainda seja pequeno, apenas 0,1% da produção mundial de hidrogénio em 2020, devido ao altos custos de produção, de acordo com o mais recente relatório da Wood Mackenzie, novos estudos apontam para uma redução de custos que pode cair até 64% até 2040.

Projeto de Hidrogénio Verde em Portugal

Em dezembro de 2021 arrancou em Portugal o primeiro projeto de hidrogénio verde.

Localizado em Sines, distrito de Setúbal, este projeto coordenado pela EDP Renováveis, vai representar um investimento, com fundo europeus, num total de 76,6 milhões de euros.

Com o nome de Green H2 Atlantic, o projeto visa o desenvolvimento e a operação de um eletrolisador com 100 megawatts. Para produzir o hidrogénio verde, vai ser usada energia solar e eólica. Posteriormente, o hidrogénio produzido vai ser consumido em projetos localizados em Sines.

O objetivo final do Green H2 Atlantic é criar 1 gigawatt de capacidade de produção de hidrogénio verde.

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