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Myotis crypticus: A nova espécie de morcego distribuída pelas florestas do Norte da Península Ibérica

Uma equipa internacional de investigadores, coordenada pelo Conselho Superior de Investigações Científicas espanhol (CSIC), descobriu uma nova espécie de morcego na Europa, incluindo na Península Ibérica.

A nova espécie é um morcego-de-franja-críptico (Myotis crypticus), distribui-se pelas florestas do Norte da Península Ibérica e ainda, no Centro Sul de França, Suíça e Itália. A ocorrência desta espécie no norte de Portugal ainda está a ser estudada.

Jorge Palmeirim, biólogo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, afirma que “é possível que (o morcego-de-franja-críptico) esteja presente no Norte do país”. Caso essa possibilidade se confirme, “a nova espécie constituirá mais um elemento importante da rica biodiversidade de Portugal, mas aumenta também as responsabilidades de conservação. Será necessário determinar o seu estatuto de conservação, assim como identificar eventuais fatores que a possam ameaçar.”

Esta nova espécie tem sido confundida com uma outra espécie, o morcego-de-franja do Sul (Myotis escalerai). Um dos responsáveis pelo CSIC, explicou que estas duas espécies só se diferenciam através de subtis características externas.

O morcego-de-franja do Sul é uma espécie que ocorre em Portugal. Segundo o Atlas dos Morcegos de Portugal Continental, esta espécie “distribui-se por todo o território continental, sendo que os poucos abrigos conhecidos da espécie vão do litoral ao interior”.

Como é que duas espécies diferentes podem ser confundidas?

Segundo Javier Juste, investigador da Estação Biológica de Doñana e um dos principais investigadores desta descoberta, “os morcegos estão representados por 53 espécies na Europa, mas a maioria deles são muito parecidos e é preciso recorrer a comparações genéticas para verificar a sua identidade”.

Nos últimos anos, tem se verificado que “algumas espécies que se pensava terem grandes distribuições geográficas, não eram afinal uma espécie única, mas sim complexos de espécies morfologicamente muito semelhantes, algumas com distribuições reduzidas e portanto particularmente vulneráveis”, explica Jorge Palmeirim.

Segundo o biólogo, “as falhas no reconhecimento de espécies que são, de facto, distintas, podem resultar em incorreções no planeamento da sua conservação. Mesmo que um grupo taxonómico esteja genericamente protegido, como é o caso dos morcegos (que ocorrem em Portugal), algumas espécies necessitam de medidas de conservação específicas.”

Jorge Palmeirim, afirma ainda que a descoberta desta espécie morfologicamente tão semelhante, levanta algumas questões que podem ajudar a compreender os padrões de distribuição da biodiversidade no planeta:

  • Qual será a história evolutiva que resultou na formação de cada uma destas espécies?
  • Onde e quando terá evoluído cada uma delas?
  • Quais serão as vantagens adaptativas que permitem que espécies tão semelhantes coexistam na mesma região ou em regiões adjacentes?

 

O estudo detalhado desta descoberta foi publicado na revista Acta Chiropterologica.

Em Portugal Continental existem atualmente 25 espécies de morcegos, 3 das quais em perigo de extinção:

  1. morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale);
  2. morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi);
  3. morcego-rato-pequeno (Myotis blythii).

 

Portugal foi um dos primeiros países europeus a ter um Plano de conservação dos morcegos cavernícolas, espécies particularmente ameaçadas, publicado em 1992. 

Desde essa altura, têm sido monitorizados, anualmente, os abrigos de criação e hibernação mais importantes e implementadas várias medidas, como a construção de abrigos artificiais e a proteção de abrigos, através da sua vedação.

Fontes: Wilderbioone

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