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Projeto pioneiro em Portugal permite mitigar o impacto das centrais hidroelétricas nas comunidades piscícolas

As centrais hidroelétricas apesar de produzirem energia renovável, não estão isentas de causar impactos nos ecossistemas, em especial na fauna piscícola. A exploração de uma central hidroelétrica pode provocar alterações na distribuição e disponibilidade de habitats, perda da conectividade longitudinal pelo bloqueio à migração dos peixes e mortalidade dos peixes nas turbinas ou em leitos secos após o fechamento das turbinas. 

A Unidade de Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade do Instituto Superior Técnico – CERIS, em parceria com o Centro de Estudos Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia (ISA), a Nova School of Business and Economics e a empresa Hidroelétrica Hidroerg, desenvolveu um protótipo (ainda em fase experimental), para mitigar o impacto das centrais hidroelétricas nas comunidades piscícolas.

Este projeto pioneiro em Portugal, designado de EcoPeak4Fish, pretende mitigar o impacto dos hidropicos na fauna piscícola através de medidas morfológicas e operacionais inovadoras como a implementação de refúgios de corrente e a otimização do funcionamento das centrais hidroelétricas, por forma a harmonizar a maximização do habitat com a capacidade de produção energética, contribuindo assim para a conservação das espécies piscícolas existentes nos rios portugueses.

Trabalhos anteriormente desenvolvidos pela equipa do CERIS, usando peixes selvagens como o barbo ibérico (Luciobarbus bocagei), permitiram identificar uma tendência desta espécie para procurar refúgios por forma a evitar as zonas de elevada corrente. 

Para o projeto EcoPeak4Fish foram testadas diferentes configurações de refúgios de corrente e selecionada aquela que se traduzia num maior uso durante os eventos de picos de caudal, diminuindo assim os episódios de stress dos peixes.

Com base nestes resultados e em parceria com investigadores da Tallinn University of Technology, foi desenvolvido um sistema inovador de monitorização dos peixes que permite a contagem automática dos indivíduos e a identificação da espécie e do estágio de vida.  Com o apoio da Hidroerg, estes protótipos foram instalados a jusante de duas centrais hidroelétricas e encontram-se atualmente em monitorização.

No âmbito do projeto SmartFishways, foi ainda instalada uma rede de sensores capaz de transmitir informação em tempo real e de a armazenar online conferindo o carácter inovador e distintivo do projeto EcoPeak4Fish. Esta rede mede variáveis ambientais, nomeadamente, o nível da água, luminosidade, pressão atmosférica e temperaturas do ar e da água, fundamentais para analisar e discriminar padrões de comportamento dos peixes.

Em comunicado, os responsáveis do projeto referem que este sistema irá permitir “proteger as espécies da elevada corrente que se verifica durante os hidropicos como resultado da produção hidroelétrica e proteger também as espécies de ficarem aprisionados em zonas de leito seco após o fechamento das turbinas, diminuindo a mortalidade potencial”.

Os investigadores da Nova School of Business and Economics irão desenvolver ainda um modelo de otimização que tenha em conta a harmonização do habitat com a capacidade de produção energética, com vista à conservação das espécies. 

Por fim os investigadores do projeto irão identificar e valorizar também os serviços de ecossistemas inerentes aos rios regulados por centrais hidroelétricas, assim como a avaliação do custo-benefício deste tipo de medidas de mitigação.

O conhecimento adquirido ao longo deste projeto ajudará a regulamentar a energia hidroelétrica em Portugal, que atualmente não contempla este fenómeno consequente da crescente necessidade de energia elétrica. Em alguns países, como a Áustria ou a Suíça, onde a maioria das centrais hidroelétricas opera em hidropicos, existe já uma legislação apertada sobre a forma como estas centrais podem operar, limitando, por exemplo a velocidade de fechamento das turbinas.

Fonte: Ambiente MagazineEcopiak4fish

Imagem de destaque: Retirada da plataforma FreepikImage by Wiroj Sidhisoradej

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Trabalhos já realizados:

 

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