Num futuro próximo o hidrogénio verde, produzido por eletrólise da água, usando fontes de energia renováveis, irá desempenhar um papel crucial na transição energética. Todavia, há ainda um caminho desafiante a fazer para produzir este novo combustível de energia limpa a uma escala industrial.
A Estratégia da União Europeia para o hidrogénio, que se insere no Pacote Ecológico Europeu (EU Green Deal), visando a neutralidade carbónica em 2050, foi publicada em Julho de 2020 e coloca o hidrogénio verde no topo da agenda política.
O plano ambicioso em relação à capacidade instalada de eletrolisadores
A visão da União Europeia é muito clara: o hidrogénio de baixo carbono e o hidrogénio verde são dois grandes objetivos num futuro próximo.
Existe um plano ambicioso em relação à capacidade instalada de eletrolisadores que estabelece uma meta de 6 GW até 2024 e poderá ascender a 80 GW em 2030, 40 GW serão instalados em Estados Membros da União Europeia e os restantes 40 GW em países terceiros, produzindo respetivamente 1 e 10 milhões de toneladas de hidrogénio por ano.
A liderança tecnológica da UE
Um fator favorável ao desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogénio na Europa resulta da sua liderança tecnológica nos equipamentos que viabilizam a produção de hidrogénio verde. Com base nesta visão, o peso do hidrogénio na matriz energética da União Europeia deverá passar dos atuais 2% para 13-14% em 2050.
Crescente investimento em Hidrogénio Verde
O hidrogénio de base renovável ou de baixa intensidade carbónica não é ainda tão competitivo como hidrogénio de base fóssil. No entanto, dezenas de bilhões de euros de investimento estão já previstos para estimular o desenvolvimento e integração do hidrogénio verde na economia europeia.
Estratégia Europeia vs Estratégias Nacionais de países da UE
É importante realçar, que em complemento à estratégia europeia, vários países europeus, como é o caso de Portugal, têm também definido as suas estratégias a nível nacional, estabelecendo metas bastante ambiciosas para a instalação de eletrolisadores até 2030.
Portugal tem-se colocado no pelotão da frente para o desenvolvimento de uma economia nacional e europeia do hidrogénio verde, tendo apresentado em 2020 a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), cujo principal objetivo passa por promover a introdução gradual do hidrogénio, assumindo como principais metas para 2030:
- 5% de hidrogénio verde no consumo final de energia, no transporte rodoviário e na indústria;
- 5% de hidrogénio verde injetados nas redes de gás natural;
- 50 a 100 estações de abastecimento para hidrogénio entre 2 a 2,5 GW de capacidade de produção (eletrolisadores).
Competitividade do hidrogénio verde
A expetativa na União Europeia é que o hidrogénio de base renovável seja produzido a um custo competitivo em 2030. No entanto, a concretização desta expetativa está ainda muito dependente de uma série de fatores, nomeadamente:
- os custos dos eletrolisadores e o grau de utilização da capacidade instalada;
- o custo e a capacidade instalada de eletricidade de geração renovável (existe a expetativa na UE de que 25% da geração renovável será utilizada pelos eletrolisadores até 2050);
- A dinâmica da procura de hidrogénio é também um fator central.
A produção de hidrogénio deverá ser centralizada ou descentralizada?
Numa primeira fase (até 2024), o processo de produção será descentralizado envolvendo a instalação local de uma capacidade de pelo menos 6 GW de eletrolisadores produzindo 1 milhão de toneladas de hidrogénio verde.
Numa segunda fase (2025-2030), procede-se à instalação de 40 GW em países da UE produzindo 10 milhões de toneladas e à importação da produção de uma capacidade de 40 GW em países terceiros.
Esta segunda fase pressupõe a criação de uma rede europeia integrada que envolve investimentos de adaptação nas redes de gás natural para permitir o phasing-out do gás natural e o combinação com o hidrogénio.
Para além disso, será também necessário proceder a investimentos em infraestruturas dedicadas para o hidrogénio, como por exemplo, uma rede de distribuição de postos de abastecimento de hidrogénio.
A dimensão geoestratégica da UE
Os países com custos baixos de produção de energias renováveis têm uma vantagem competitiva que pode viabilizar a especialização na produção e exportação de hidrogénio verde.
Estes países podem ainda combinar Co2 capturado com H2 para produzir biocombustíveis e combustíveis sintéticos. Ou seja, há países que podem optar por exportar hidrogénio e/ou criar um cluster industrial associado a produção do hidrogénio.
Países com potencial de exportação
Os países com recursos endógenos renováveis, recursos minerais utilizáveis na indústria e uma Estratégia Nacional para o Hidrogénio têm grande potencial para exportação. Alguns exemplos:
- Portugal;
- Austrália;
- Arábia Saudita;
- Brasil;
- Chile;
- Marrocos;
- Noruega.
Países com potencial para importação
Países líderes a nível tecnológicos no hidrogénio e como uma visão geoestratégica global, têm um grande potencial pra importação. Alguns exemplos:
- Alemanha;
- Coreia do Sul;
- Japão;
- Singapura.
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